segunda-feira, 27 de julho de 2009

Demolição

Não adianta mais tapar os buracos, remendar os furos, rebocar as paredes que se desfazem sobre a minha cabeça. Tentar consertar coisas que não tem mais conserto. O que resta é demolir tudo e começar de novo. Interditem minha estrada, e a refaçam inteira, porque o material com que tapei os buracos é ruim e logo logo estará tudo esburacado novamente. Joguem fora as roupas velhas e furadas que não tenho coragem de atirar pela janela, porque os remendos já são visíveis e fico cada vez mais ridícula vestindo esses trapos. Ponham as paredes abaixo, não adianta mais manter a aparência de algo cuja estrutura desmorona pouco a pouco.
O jeito é realmente demolir tudo. Jogar fora. Criar uma estrada nova, porque a velha já não presta para nada. Abrir novos caminhos, comprar roupas novas. Mudar de casa, mudar de planos, mudar de vida. Ando sem paciência para o velho, por mais que o meu jeito 'guardadora de porcarias inúteis' grite contrário a isso. Sem paciência para remendar, para já não me vestir com tanta pressa, para não danificar o que já está tão fragilizado. Sem paciência para, levemente, encostar aqueles que quero na parede. Não poder atirá-los lá, porque se eu o faço, a parede cai na minha cabeça. Sem paciência para caminhar devagar, desviando dos buracos. Eu quero corrida, quero emoção, vento na cara e menos pés torcidos pelo caminho irregular.
Quero amores novos, caminhos novos, moradas novas. Enfeitar minha cabeça e meu coração de flores. Quero me vestir depressa, para não perder de estar correndo. Atrás de que, eu não sei. Mas também não importa. O que importa é a vontade de mudar, de correr, de vencer, não importa no que seja.
"Eu posso estar completamente enganado
Eu posso estar correndo pro lado errado
Mas a dúvida é o preço da pureza
E é inútil ter certeza..."

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