sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Alô?

Alguém aí?
Volto assim que conseguir me olhar de novo.
Enquanto isso, o tempo voa e só me vejo refletida nos pequenos olhos da minha Helena.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Friday I'm in love


It's friday, I'm in love!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

No ponto

Saber escolher as palavras certas, na dose certa é o mesmo que salgar a carne ou apimentar uma comida. Tem que ser certeiro, se não, passa do ponto. As palavras possuem um poder imesurável. Perdem-se nas nossas bocas. Umedecem os olhos. Aceleram o coração. As palavras podem ser flechas ou bençãos. Podem atravessar nossa alma e nos fazer sangrar até a morte. Mas podem nos trazer de volta à vida, também. Encher nossos corações de luz.
O problema é quando não conseguimos falar o que sentimos bem no fundo. É quando as palavras faltam. Entramos em pânico e um silêncio mortal se instala no ar. Ainda bem que ainda temos os nossos olhos para falarem por nós quando não nenhum som é capaz de sair das nossas bocas.

Primeiros Erros

Primeiro veio a necessidade de alimentar, a preocupação com a saúde, o cuidado com as fraldas. Depois veio o conhecer, o decifrar daquela pequena criaturinha de grandes olhos que me encaravam franzidos ainda desacostumados com a claridade do nosso mundo. Veio a ansiedade com doze longos dias de hospital, a insegurança ao levá-la para casa e me julgar incapaz de zelar por aquela pequena indefesa. Sobravam planos e certezas, nunca me passou pela cabeça que as coisas poderiam não sair exatamente da maneira como planejei. Mas depois de tantos cuidados, entre mamadeiras e fraldas e roupas e banhos, algo ainda estava incompleto. E, em um desses longos dias onde me flagrei pasma com a maravilhosa sensação de perceber a pequena moça a quem o destino havia me confiado a vida, consegui finalmente encontrar o espaço ainda vazio.
É do meu feitio planejar, mas a vida não é lugar para vidas linearmente organizadas e perfeitamente dispostas. Helena nasceu desafiando meus planos e eu teria aprendido um pouco mais rápido caso fosse menos resistente e teimosa. Decidiu vir ao mundo (bem) antes do tempo. Já havia me programado para o nascimento, então no dia que fui à médica e saí do consultório com a notícia de que, aos oito meses de gestação, ela não passaria daquele dia, pirei. Depois do nascimento, os planos de trazê-la imediatamente para casa foram igualmente frustrados pelas lições que ela, que acabara de nascer, já teria que me dar. Foram doze dias de internação, encarando firmemente o quarto verde, decorado e vazio. Foram doze dias intermináveis de conversas com enfermeiras, sentada numa poltrona preta em uma pequena sala onde ficava a morada provisória da mocinha. Sutis goles de paciência que eu bebia à força. Em casa, a decisão de dormir no seu próprio quarto foi desaconselhada pelos médicos (e mais uma das minhas determinações pelo ralo) pois prematura ela precisaria de cuidados especiais.
Foi então que, num desses longos dias de que já falei, pude finalmente me dar conta do que faltava em todos os meus planos e em mim. O que faltou nos planos foi rasgar os planos. O que faltou em mim foi espaço para a intuição, para deixar o coração na mão, para me entregar a um amor que eu não saberia como mensurar ou mesmo como explicar. Faltou em todo o meu planejamento deixar espaço para o amor. Faltou deixar o amor fluir naturalmente, ditar seu ritmo, fazer sua parte. E foi encarando enquanto ela dormia tranquilamente que me veio a certeza de que a maior prova de amor é o improviso. É deixar o amor falar mais alto. É dar importância, além da alimentação e das fraldas limpas, ao tempo. É valorizar cada descoberta, cada minuto. O amor constrói a confiança, a segurança, a tranquilidade. O amor engrandece o maior dos amores, alimenta a felicidade. O amor improvisa e não se cansa de acertar.

P.S. E ontem ela já dormiu no seu quarto.

domingo, 7 de agosto de 2011

Se Eu Soubesse



"Ah, se eu soubesse nem olhava a lagoa
Não ia mais à praia
De noite não gingava a saia, não dormia nua
Pobre de mim
Sonhar contigo, jamais

Ah, se eu pudesse não caía na tua
Conversa mole, outra vez
Não dava mole à tua pessoa
Te abandonava prostrado a meus pés
Fugia nos braços de um outro rapaz

Mas acontece que eu sorri para ti
E aí, larari, lairiri..."

(Chico Buarque e Thais Gulin)



Do novo e maravilhoso cd "Chico".

sábado, 6 de agosto de 2011

Abstinência

Somos todos dependentes, viciados, cheios de manias. Dependentes em diversos graus, mas sempre dependentes de algo (ou alguém). Viciados em drogas, em álcool, em sono, em comida, em sentimentos, em sensações. Com tiques, manias ou hábitos, e que aí cada um se sinta à vontade para dar o nome que lhe couber. Sou viciada, dependente, maniática por sensações. Por reviver os fantasmas. Uso das músicas, das poesias, dos sonhos, das lembranças e de todos artifícios que consigo para aproximar as assombrações das quais deveria fugir. 
Volto a cena quantas vezes forem necessárias para lembrar a cor dos arranjos que ficavam em cima da mesa, para tatear novamente o mesmo corpo, para provar uma vez mais aquele vinho. Ponho sempre a mesma música para começar a escrever sobre qualquer assunto; a mesma música há tanto tempo, há tanta distância, há tanto... Abre sempre uma fenda no meio do peito. E eu gosto. Gosto do sabor amargo e da dor suportável que causa no peito cada um dos tuns dessa música porcaria que sei lá por que razão elegi para ser A música. E depois dela, sempre a mesma sequência. De músicas, sabores e pensamentos. Sempre a mesma necessidade - e, pasmem, vontade - de sofrer os mesmos atos, de perguntar os mesmos porquês, de revolver pela milésima vez o buraco que já deveria ter fechado.
Há fendas que nunca fecham. Sou uma daquelas que remexe até o final. Eu não me contento com o recalque, com a dor dissimulada, com o sofrimento mal vivido. Vivo até a última gota que brota da ferida que não vai fechar, saboreio o desprazer dos erros e dos acertos. Acertar também pode ser amargo e dolorido. Fazer o que é certo nem sempre é se fazer feliz. Sou feliz dentro da infelicidade de poder passar o resto da minha vida mastigando o sabor das escolhas que (não) fiz, redescobrindo sensações em cada cena que já passou. Como um filme que revejo pela milésima vez. A mesma trilha, mesmas falas, mas sempre um novo ângulo para se surpreender.

E a ausência desses goles de dor e prazer são a minha crise de abstinência. A razão pela qual perco as palavras, os sentidos e a vida da ponta dos dedos. Sou uma viciada em viver novamente aquilo que jamais deveria ser revivido.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Não consigo escrever. Deu pane.
Travou tudo. 
O então pequeno vazio engoliu o todo.
Preciso colocar de novo a cara no espelho, me encarar, me enxergar, me ver.
Redescobrir o que restou.

Me atirei ao precipício. Preciso de novo me encontrar.