terça-feira, 29 de junho de 2010

Um Ano!

Hoje esse espacinho completa um ano de rotina. Rotina de riso, de choro, de fossa, de comemoração, de encanto e desencanto. Hoje esse site completa um ano da nossa rotina. Aquela rotina do coração, que a gente mal percebe se não for documentada. Bem, talvez seja a hora de dizer que a ideia do blog surgiu a partir de um pé na bunda, como um modo de desabafar e também como maneira de perceber como mudamos, crescemos e superamos todas aquelas coisas que acreditamos insuperáveis em um determinado momento de nossas vidas. Olho meus textos, de um ano atrás, e não reconheço nada além da minha veia explosiva característica, pois já não há mais aqueles sentimentos como também não há mais algumas pessoas e fatos na minha vida.
O interessante é dar data aos sentimentos e, para alguém que nunca se comprometeu com nada, o mais interessante é registrar e criar mais uma rotina - aquela de olhar para dentro, analisar e exteriorizar os sentimentos. Finalizo um ano admirando a capacidade que tive de me comprometer com a ideia de registrar meus sentimentos, seja para lembrar de como eram bons, seja para entender que tudo passa e que não devemos dar mais importância às coisas do que elas realmente merecem ou seja somente para dar umas risadas pensando em como já falei bobagens.
Um ano... quem diria.

:)


P.S.- Obrigada, Liana, minha parceira de empreitada.

Nem em vão


Quando não se espera mais por nada, quando as expectativas estão esgotadas
As respostas desafiadas,
O tempo passa lentamente
E a vida assusta, nos prega peças nas nossas rotas mal traçadas
O que era errado fez sentido, parece certo se vem do coração
A inspiração vem dos dedos frios da solidão
Vem da tristeza dos dias corridos dessas calçadas
Vem da respiração ofegante da ansiedade de ver seu rosto no meio da multidão
Vem das surpresas escondidas nos sinais que se pintam de vermelho
Para chamarem a minha atenção
De que nada nessa vida é por acaso e nem em vão

domingo, 27 de junho de 2010

Under Pressure



"Insanity laughs under pressure we're cracking
Can't we give ourselves one more chance
Why can't we give love that one more chance?
Why can't we give love give love give love give love
give love give love give love give love give love
'Cause love's such an old fashioned word
And love dares you to care for
The people on the edge of the night
And love dares you to change our way of
Caring about ourselves
This is our last dance
This is ourselves
Under pressure"


Estou ouvindo essa versão maravilhosa do dvd Rock Montreal, de 1981.
P.S.- I love you

Resumo

É muito ruim convidar a família para ir a um bom restaurante no domingo e ser obrigada a ouvir que só faço isso pra controlar as pessoas, pra mante-las à minha disposição.

Às vezes sinto vergonha dela.
Perdoai, papai do céu, pois ela não sabe o que faz.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

drops

"Estamos próximos mas estamos há uma distância incomensurável, estamos próximos mas estamos sós."

Ernesto Sabato

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Desses Tantos Modos

"Hoje acordei querendo mais você. Tudo que meu coração pede é você. Tudo que meu corpo quer é você. É com você que eu quero brigar durante dois segundos. É por você que quero morrer de ciúmes. É com você que quero ser normal. Deixe-me ser imperfeita para você. Não quero ser alguém que se encaixe nos seus sonhos. Eu quero ser eu. Aceito ser imperfeita, não aceito ser incompleta. Você me completa. É…me completa, sabia? Mesmo quando eu quero a terra e você o mar. Mesmo com minha vida fast-food e seu arroz com brócolis (não ria!)… Porque quando você quer, eu quero também. Porque quando eu choro, você chora também. Porque quando você me quer, eu te quero mais. Porque eu sei que quando eu penso em você, você está pensando em mim. Porque você é a certeza de todas minhas incertezas. Porque amo seu coração maior que 1.88m. Porque fiz as pazes com o meu coração que me trouxe você, e fez tudo ficar infinito.
Ainda que eu quisesse… Ainda que eu pudesse, já não consigo voltar, porque tudo sem você é vazio, e absolutamente nada consegue ser colorido.
Obrigada pelo brilho nos olhos e a paz no coração.

[E ainda bem que a gente tem a gente]
 
ps: quem disse que minha havaiana não combina com seu bermudão? ;)"


terça-feira, 22 de junho de 2010

Bossa

"Uns são mais
Coordenados, determinados
Obcecados
E outros atrás
Vão levando a vida
E quem ousa dizer
Que é pior?
(...)
Hei!
Você que sabe tudo
Me diga como perguntar
Se eu não sei
Você que pensa em tudo
Me mostre o quanto pode amar."
(Cidadão Quem)

há quanto tempo não ouvia essa música... por isso ela merece um espacinho aqui hoje.

Voltei A Cantar


Hoje eu saí mais cedo. Pude ver o sol, ver um coelho fugindo do viveiro na praça e pude ver o mesmo coelho voltando ao viveiro de onde saiu. Pude ver uma pomba que tinha uma perna só. Pude ver uma menina cantando pelo centro que, assim como eu, cantava Chico. Pude ver o cais, o sol beijando a água, a reflexão dos pássaros que voavam indo pra qualquer lugar. Pude rever minha biblioteca, voltei ao lugar que já tanto me mostrou e fiz todas essas coisas em meia hora. Hoje eu posso dizer que vivi, de verdade, meia hora do meu dia.
Voltei a cantar, cantei e cantei e cantei pelo meio da rua, me espreguicei bastante no sol, comi bregeré no banco da praça, passei pelas crianças vestidas de caipira, dancei um pouco mais com o meu amigo sol. Eu já sentia a falta dos seus beijos no meu rosto, nos meus olhos fechados. Sentia a falta da sua luz me esquentando como um abraço carinhoso e que me faz sentir menos a falta dos abraços carinhosos que tanto me faltam.
Voltei a cantar. E cantei muito mais enquanto vinha pra casa. Estudarei cantando, feliz por estudar e mais feliz ainda por cantar. Feliz por esse tal de tempo que hoje a tarde de mostrou ao meu lado. Feliz por poder abrir tranquila um livro e poder dedicar meu tempo a algo que eu quero mesmo fazer. Minha voz se libertou do silêncio burocrático daquela sala em meia luz, por meio turno. Abençoado seja o meio turno. Graças a ele, minha voz saiu. E agora, ninguém mais a segura.

"Voltei a cantar
porque senti saudade
do tempo em que eu andava pela cidade
Com sustenidos e bemóis
Desenhados na minha voz
E a saudade rola, rola
Como um disco de vitrola
Começo a recordar
Cantando em tom maior
E acabo no tom menor"
(Chico)

P.S.- nosso cais, Liana. Ele ainda nos espera.

Daqui a um mês

Daqui a um mês você vai acordar e poder enxergar o sol novamente. Vai abrir os olhos com um pouco de dificuldade, o sol vai invadir de surpresa o seu quarto, como eu lhe disse que aconteceria - e você nunca quis acreditar. Seu apartamento vai estar completamente arrumado e outro alguém vai enfeitar sua mesa com flores, sua vida com flores. Daqui a um mês, você vai sair de casa e enxergar outras pessoas. Vai enxergar outra vida, outras formas, outras cores. Daqui a um mês você vai finalmente me dar razão. Vai correr no Parcão, vai voltar à bossa nova sem rastro de melancolia, vai sorrir e não se preocupar com o cabelo bagunçado por algum tempo. Vai esparramar seus livros pelos lugares que eu ocupava, até que - daqui a um mês - outro alguém venha se espreguiçar naquela cadeira onde só eu gostava de dormir. Daqui a um mês, você vai ouvir Gardel e não mais querer dançar comigo. Vai descobrir outro caminho. Vai ser feliz.

Daqui a um mês, Chico vai lhe sussurrar enquanto alguém vai preparar um bolo com açúcar, com afeto. E esse alguém vai usar meu avental, já um pouco empoeirado, onde não restará nenhuma marca de que algum dia passei por ali. Daqui a um mês, você escolherá um novo apartamento. E pintará sozinho as paredes com as técnicas que lhe ensinei, e você nem lembrará onde foi que aprendeu; vai escolher novos móveis, novas telas, vai colorir sua casa com novas flores que não as que eu costumava comprar. Daqui a um mês você nem vai lembrar do meu nome. Mal vai conseguir lembrar do modo como eu arrumava seus cabelos.

Daqui a um mês, você vai adotar um cachorro. Vai pensar em casar e ter um filho. Vai finalmente crer que é hora de se ajeitar. Vai dispensar a vida solitária e abdicar de uma prateleira de livros para os perfumes de outra mulher. E nenhuma mulher vai preencher a sua casa como eu jamais preenchi, mas isso não importa, pois você não lembrará mais de mim. Daqui a um mês, você será pai. Você rasgará os planos que algum dia fizemos juntos, sob a luz da mais bela lua que já teremos visto. Você vai abrir um livro e lá estarei eu, uma página amarelada e esquecida, com algum bilhete anotado, um rabisco em tinta preta e algumas manchas de lágrimas pingadas. Pode lhe render algumas memórias, boas risadas, mas nunca valerá por uma história de verdade. Você vai olhar para os lados, agradecer pela vida que tem e pelos caminhos que algum dia nos separaram.

Daqui a um mês pode ser daqui a um ano ou daqui a uma década. Mas, certo dia, você vai acordar e não vai sentir minha falta ao seu lado. E, finalmente, você não vai me perceber. E vai ver que a nossa história não passou de um raio, que partiu o céu, estremeceu o chão e se foi sem deixar vestígios. Como um flash.

P.S.- mas eu lhe garanto que mulher alguma usará meu perfume ou lhe dará flores tão belas.

Defenestrar

Atirar pela janela todas as coisas pesadas que me consomem, pra bem longe aqueles medos que eu nunca consigo superar, atirar toda a raiva pela janela. Queria jogar tudo por ela e me reconstruir, reciclar um coração, reciclar minhas ideias, minhas atitudes. Renovar lindamente o armário da minha mente, comprar-lhe uns sapatos bonitos, casacos coloridos e muitos óculos de lentes para enxergar o mundo cor-de-azul (porque rosa é terrível, convenhamos).E, se eu não gostar, lá vou eu jogar tudo fora mais uma vez.
Fazer aquele vuuuuuuuuuuuuush cinematográfico pela janela. E na minha cena, seriam desde aquários a pessoas voando em slow motion cenário afora. Cada vez mais eu vejo que é necessário me reformar, comprar um closet novinho pra minha alma, sem essa de querer guardar o que ainda pode ser usado "algum dia desses". E vou repaginar minha vida, vou mudar meus conceitos, vou ver o mundo por outro ângulo, vou aumentar o grau dos meus óculos, vou pintar as unhas de outra cor, vou beber aquilo que nunca bebi antes, vou escrever e escrever e escrever e vou me dedicar a qualquer coisa que me faça feliz. Vou despirocar geral.
Virar meio hippie, vou vender colar na Avenida, não me importa. Vou brincar de ser feliz um pouquinho. Vou matar um dia de trabalho, vou atrasar meu relógio alguns minutos, vou trocar as músicas que eu ouço, vou deixar o preto de lado e vou brincar um pouco de me refazer. Me desfazer, desmontar, arremessar longe e fazer de novo. Tudo de novo.

E o mais legal é que quem me conhece sabe que eu não vou fazer porra nenhuma. Vou continuar aqui - de preto, meio cega, pontual, com as unhas esquisitas e do meu jeito simpatiquinha. Sempre inerte, com a esperança de que algum dia alguma onda gigante venha, me acerte e me arraste pra qualquer lugar. Qualquer um.

Por Perto



"Pode ser numa canção
Pode ser no coração
Eu só quero ter você
Por perto"
(Pato Fu)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Trecho

“Vi muitas coisas. Algumas eram muito bonitas. Outras eram assustadoras. De algumas eu já estou esquecendo. Um determinado olhar, nuvens. Essas imagens ficarão comigo muito depois da luz se apagar. Como cego eu acho que vejo muito melhor do que quando tive visão. Porque eu não acho realmente que vemos com os nossos olhos. Acho que vivemos na escuridão quando não olhamos para o que é verdadeiro em nós ou nos outros ou na vida. E quando você vê o que é verdadeiro em si mesmo, então você viu o bastante. E você não precisa de olhos para isso. Você verá muitas coisa, mas elas não significarão nada se você perder de vista aquilo que você ama.”
Trecho extraído do filme "À primeira vista."

Texto

"Se um homem quer você, nada pode mantê-lo longe;Se ele não te quer, nada pode fazê-lo ficar.Pare de dar desculpas (de arranjar justificativas) para um homem e seu comportamento.Permita que sua intuição (ou espírito) te proteja das mágoas.Pare de tentar se modificar para uma relação que não tem que acontecer.Mais devagar é melhor. Nunca dedique sua vida a um homem antes que você encontre um que realmente te faz feliz.Se uma relação terminar porque o homem não te tratou como você merecia,”foda-se, mande pro inferno, esquece!”, vocês não podem “ser amigos”. Um amigo não destrataria outro amigo.Não conserte.Se você sente que ele está te enrolando, provavelmente é porque ele está mesmo. Não continue (a relação) porque você acha que “ele vai melhorar”.Você vai se chatear daqui um ano por continuar a relação quando as coisas ainda não estiverem melhores.A única pessoa que você pode controlar em uma relação é você mesma.Evite homens que têm um monte de filhos, e de um monte de mulheres diferentes. Ele não casou com elas quando elas ficaram grávidas, então, porque ele te trataria diferente?Sempre tenha seu próprio círculo de amizade, separadamente do dele.Coloque limites no modo como um homem te trata. Se algo te irritar,faça um escândalo.Nunca deixe um homem saber de tudo. Mais tarde ele usará isso contra você.Você não pode mudar o comportamento de um homem. A mudança vem de dentro.Nunca o deixe sentir que ele é mais importante que você… mesmo se ele tiver um maior grau de escolaridade ou um emprego melhor.Não o torne um semi-deus.Ele é um homem, nada além ou aquém disso.Nunca deixe um homem definir quem você é.Nunca pegue o homem de alguém emprestado.Se ele traiu alguém com você, ele te trairá.Um homem vai te tratar do jeito que você permita que ele te trate. Todos os homens NÃO são cachorros.Você não deve ser a única a fazer tudo…compromisso é uma via de mão dupla.Você precisa de tempo para se cuidar entre as relações. Não há nada precioso quanto viajar. Veja as suas questões antes de um novo relacionamento.Você nunca deve olhar para alguém sentindo que a pessoa irá te completar.Uma relação consiste de dois indivíduos completos,procure alguém que irá te complementar… não suplementar.Namorar é bacana. mesmo se ele não for o esperado Sr. Correto.Faça-o sentir falta de você algumas vezes… quando um homem sempre sabe que você está lá, e que você está sempre disponível para ele, ele se acha…Nunca se mude para a casa da mãe dele. Nunca seja cúmplice (ou co-assine qualquer documento) de um homem.Não se comprometa completamente com um homem que não te dá tudo o que você precisa. Mantenha-o em seu radar, mas conheça outros…Compartilhe isso com outras mulheres e homens (de modo que eles saibam). Você fará alguém sorrir, outros repensarem sobre as escolhas, e outras mulheres se prepararem.O medo de ficar sozinha faz que várias mulheres permaneçam em relações que são abusivas e lesivasVocê deve saber que você é a melhor coisa que pode acontecer para alguém e se um homem te destrata, é ele que vai perder uma coisa boa.Se ele ficou atraído por você à primeira vista, saiba que ele não foi o único.Todos eles estão te olhando, então você tem várias opções.Faça a escolha certa."
OPRAH

domingo, 20 de junho de 2010

Harriet

“Sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor, pois se eu me comovia vendo você, pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo, meu Deus…como você me doía! De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme…só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando!”

Caio Fernando Abreu, em Harriet.

Casinha Branca

"Às vezes você constrói uma casa. Tudo pensado com carinho. Cada cômodo, cada mobília… Você quer sua casa aconchegante, quer receber as pessoas que ama, quer ser feliz.


Com o tempo você vai percebendo que a casa é quente. Percebe que os móveis trazem desconforto por causa do calor… O fogão não está muito bom… Ou a comida fica crua ou queima. Com o tempo aquela casa se torna um pesadelo… Mas é a SUA casa. A casa que você levou tempos para construir… Então tudo é uma questão de paciência. Você compra um ar-condicionado, reforça as telhas, faz uma piscina. Todos os dias você cozinha na esperança de desta vez vai dar certo…se já deu uma vez, por que não vai dar de novo? Mas não dá…ela queima de novo ou ficou crua de novo. Você não entende por que o ar-condicionado não funciona direito. Talvez seja a instalação mal feita. Talvez seja defeito de fábrica… Mas você espera. Vai ver o dia estava muito quente.

Com o tempo a sua casa só te dá tristeza. Mas é a SUA casa. Você não quer vender… Você construiu com tanto carinho… Vai ter um jeito. O tempo vai melhorar. Você vive cada dia… Não dorme, não tem mais paz. Mas você espera, porque o tempo vai melhorar. A comida você vai acertar. Deixa o carpete, porque por mais que 90% dos dias sejam quentes, vai chegar pelo menos um dia de frio.
Você espera o frio. Você espera o tempo da comida. Você pensa em mudar… Você pensa em vender… Mas é a SUA casa. Todo trabalho, todo esforço… Não é justo. Você tem pena de se desfazer do que construiu. E você já se esforçou tanto… Você gastou tudo que tinha. Você tenta todos os dias, mas aquela casa não te faz mais feliz. Não é mais aconchegante. Não parece mais com você. Por quê? Você fez de tudo… Colocar à venda? Melhor esperar alguém que se interesse. Você não pode deixar tudo para trás… São suas esperanças… sua casa…sua vida.

Um dia você acorda suada, com fome e doente.
Escuta…Vai embora…Vai embora! Não adianta… Tudo que você poderia fazer, você já fez. Não espere o tempo melhorar. Não espere a casa voltar ao que era…Você já tentou… Talvez por falta de sorte… Não importa. Vai embora…Não fique com pena do dinheiro que gastou. Não fique com pena das noites sem dormir. Não lamente todo esforço. Vai embora! Mesmo que não tenha aonde ir. Não tente mudar os móveis de lugar. Não tente consertar o que quebrou. Não pense mais no que você pode ter feito de errado… Vai embora! Vai embora agora! Não leve nada com você, não olhe para trás…saiba desistir do que te faz infeliz.

Pessoas vão dizer que você não se esforçou.
Vão dizer que poderia ter tentado mais.
Vão dizer que a culpa é sua, porque não ouviu quem entendia mais que você.
Vão dizer que a culpa é sua, porque você é teimosa.
Vão dizer que a culpa é sua, porque você tinha que ter feito diferente.

Algumas pessoas vão te apoiar, mas nenhuma vai te oferecer abrigo.
Outras não vão saber por onde você anda.
Muitas não vão saber o que te dizer.

Só você pode se ajudar.
Só você sabe o que é melhor para sua vida.
Só você sabe de suas dores.

E só Deus vai te dar forças para começar tudo de novo."

texto retirado daqui!

O novo mês

Estou farta dessa baixaria
Dessas frases, dessas entrelinhas
Chega dessa lengalenga que finge muito bem o que quer
Chega de conversa, mole, dura, tanto faz
Não quero mais ouvir seus murmúrios, suas lamúrias, suas desventuras
Eu quero é paz,
Eu quero é mais e só

Cansei de amolação, de lamentação, de declaração barata
Eu quero é a mesa farta, a cama farta, a trama na lata
Cansei de me fingir de cega, de muda, de surda
Eu quero é gritar, chorar, escutar o que eu quiser ouvir
Eu quero é pedalar pra longe dessa farsa que você diz ser feliz
Eu quero é me esquecer do mundo que você continua a construir
Mesmo sem admitir todas essas coisas que você faz e desfaz
Sem ligar, sem achar que poderá ferir
Os corações que você esquece que habita
Ainda que há muito não faça uma visita

Vou sair pra rua, pra aventura, pra loucura insana dos meus novos dias
Hoje é o dia 1 do novo mês, do mês que eu inventei
Que você não poderia entender
O prazer de se viver na sua própria companhia
E nada melhor do que comemorar a reciclagem dos amores e das dores
Porque ninguém é de ferro, mas eu sou de mármore.

Barriletes

"Estaciones de reconstrucción
Barriletes de mi corazón
Enganchados a un poste de luz
Como aquel divino sueño azul
Barriletes de desilusión
Todo cambia y también cambio yo."

Reforma

Eu tô fechada pra reforma. Hoje é o dia 1. Há coisas demais que precisam mudar na minha vida. É demais pra mim. Me deram um tapa e eu ofereci a outra face. Mas não mais. Estou em reforma, sim. Resolvi pintar as paredes, trocar os quadros. Retirar as fotos velhas, comprar cortinas novas. Vou abrir mais janelas e perdes as chaves antigas, pra nunca mais voltar pra onde eu estava. Está na hora de perguntar mais o que eu quero. Eu nunca fui rebelde. Eu nunca me revoltei. Eu sempre aceitei as coisas como elas são. Hoje eu me sinto assim. Querendo jogar tudo pro algo. Gritar um chega bem alto! Pra que aquele que já erraram, escutem e os que pensam em errar, estejam avisados. Comigo, nunca mais. Hoje é o dia 1. O dia que eu nunca mais vou deixar alguém me machucar. Nunca mais vou deitar a cabeça no travesseiro supervalorizando um sentimento ruim. Nunca mais vou guardar mágoa de ninguém e nem pensar que a culpa foi minha. Eu vou lembrar daqueles que me fazem bem. E daqueles momentos que eu soube aproveitar. E perguntar pra todas essas pessoas que se acham os donos da verdade, super maduros e verdadeiros: Quem deu permissão pra brincarem com os corações alheios? Essas coisas deixam marcas que só o tempo pode apagar... e o tempo, ainda não passou por aqui.

Selvageria

 
Deve ser a terceira vez que sento para assistir "Ensaio Sobre a Cegueira". Um ano antes do filme ser lançado, eu tive a oportunidade de ler o livro e fiquei imaginando, constatando algumas coisas que voltei a pensar hoje, agora, enquanto o filme passa aqui na televisão. Só consigo pensar que vivemos em uma completa selvageria disfarçada de civilidade, onde qualquer empurrão, mesmo de leve, consegue desequilibrar toda a estrutura da nossa sociedade. Somos o pior tipo de animais. Não poupamos mulheres, idosos, crianças. Não respeitamos ninguém. Somos o pior tipo de animais pois somos animais pensantes e que, infelizmente, usamos os limitados dez por cento de nossa capacidade para sermos egoístas e mesquinhos - o tempo todo.
Qualquer mínima alteração em nosso ambiente e abandonamos completamente toda o revestimento humano que usamos diariamente. E quem dera essa selvageria só acontecesse em caso da cegueira branca, diante de um mundo inteiro cego e desorientado, brigando por comida e sem saber como viver. Mas nos confrontamos todos os dias com a selvageria em sua forma mais pura, bem embaixo do nariz e bem no centro daquilo que chamamos civilização. Dentro do ônibus, em encontros de estudantes, em diversas situações onde esquecemos que a educação existe e deixamos aflorar aquilo que carregamos de nossos ancestrais: mulher pelos cabelos, tacape na mão. Basta uma ou duas garrafas de cerveja, não muito mais que isso, para enxergarmos selvageria por todos os lados. Gente estúpida, mal-educada, imbecis da melhor qualidade, verdadeiros animais. Parece que ainda nem descemos das árvores.
É incrível como Saramago - mais valorizado, como todos os outros, agora que morreu - conseguiu captar a essência do ser humano e retratar de maneira tão verossímil aquilo que somos e como nos comportamos quando nossa redoma de segurança e conforto é quebrada. Mais incrível ainda é não conseguir negar aquilo que assisto no filme, de que nos comportamos exatamente dessa maneira. E o pior de tudo é sentir vergonha da raça humana, é sentir vergonha de fazer parte de tudo isso. Nos achamos tão grandes, tão superiores, espertos e inteligentes, quando na verdade somos a pior espécie de selvagens. Não poupamos os mais fracos, não protegemos uns aos outros nem nos preocupamos com nada além de nossos umbigos e nosso egoísmo besta. Somos os piores animais do mundo, sem dúvida.
Nesse exato momento o filme acabou, portanto eu acabo por aqui também. Sem saber direito onde quero chegar, sem dizer muitas coisas relevantes, sem saber porque tive essa vontade de escrever.

P.S.- e o pior de tudo é que eu sei um curso de uma faculdade que é conceito "A" em formação de selvagens.

sábado, 19 de junho de 2010

Leve

"Não me leve a mal
Me leve à toa pela última vez
A um quiosque, ao planetário
Ao cais do porto, ao paço

O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo

Não se atire do terraço, não arranque minha cabeça
Da sua cortiça
Não beba muita cachaça, não se esqueça depressa de mim, sim?
Pense que eu cheguei de leve
Machuquei você de leve
E me retirei com pés de lã
Sei que o seu caminho amanhã
Será um caminho bom
Mas não me leve

Não me leve a mal
Me leve apenas para andar por aí
Na lagoa, no cemitério
Na areia, no mormaço

O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo

Não se atire do terraço, não arranque minha cabeça
Da sua cortiça
Não beba muita cachaça, não se esqueça depressa de mim, sim?
Pense como eu vim de leve
Machuquei você de leve
E me retirei com pés de lã
Sei que o seu caminho amanhã
Será tudo de bom
Mas não me leve

O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo"
(Chico Buarque)


P.S.- com pés de lã.

Rabisco

Mais uma vez quero falar sobre mil coisas e não consigo ordenar meus pensamentos. Mais uma vez vou esperar a consciência voltar para poder escrever sobre tudo o que eu quero dizer. E por hoje, o meu lamento pela morte do Saramago e só a certeza de que os gênios deveriam ser imortais. 

"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo." (José Saramago)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Some more

We have everything we need, not all we want
We have each other’s hands and that's all I dream about
We can sing our happiness out loud
Accept my heart and my words and then I can show you
How your life can look so pretty in old pictures too
But tell me, whisper it slowly so I can hear you well
Tell me that you will be free in some way, somehow
That I'm the one who can ring the bell
And suddenly I can believe that I'll be free today or even now
It's only love we are talking over
Don't be so afraid, it's only the true consequence of us
No, don't look at me that way like everything sounds absurd
It may be not love,but it's what this feeling does
It’s already some light very bright
And I don't want this to go waste
Because I won't feel the same
Let me know how you taste
And let me show you it lives anywhere,
'cause it's all around in my air
This is the moment that I've been wainting for
And I want some more, some more
Of you.

See The Sun


Eu só quero ver o sol colorindo os meus dias.
E nem acho que isso seja pedir demais

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Vermelho


Tão natural quanto o fluir das águas que valsam no rio. Deveria ter sido uma porta para a redenção. Uma chance do inesperado e belo acontecer, enfim. Um capítulo colorido. Um andar de mãos. Um sonhar sincero. Músicas embalariam a história mais bonita. E a Lua enfeitaria o cenário, como se estivesse escrito em algum lugar, os passos e até mesmo as quedas.
Para ela, ele foi como uma estrela cadente. Tão brilhante que ela teve que fechar os olhos no momento em que ele cruzou o seu céu de estrelas. Mas ele caiu. Como todas as estrelas cadentes fazem. E as palavras, as poucas palavras que trocaram colidiram ocasionando desastre e beleza, como dois planetas em desordem no infinito. O impossível.
E era mesmo impossível. O que poderia ter sido, não foi. E o que foi, poderia não ter sido. De repente, um invadiu os pensamentos do outro e há quem diga que era algo parecido com paixão. Como o vermelho do blusão dela, o seu coração bateu tão forte que ela não conseguiu controlar a confusão em que a sua cabeça se encontrava. O chão havia sumido, havia nuvens por todo o lugar. Ela se lembrava do jeito que ele falava e na singularidade dos assuntos. Da delicadeza dos cuidados e das afinidades sem querer descobertas entre ambos. E decidiu que não era real. Que era imaginação. Mais uma vez. O personagem perfeito.
Ele cruzando a cidade pensou no que havia acontecido. No que iria acontecer. Entre as pessoas que passavam e os sinais que o caminho havia preparado, ele simplesmente se perguntava por que se envolveu tão absurdamente no perigo, na insensatez. Será que havia perdido a cabeça? Quanto tempo ele precisaria para enxergar os buracos que na estrada havia? Era loucura. Seu coração estava selado. Ela também era um personagem, era claro que não era verdadeiro. Não podia ser, podia?
E ela voltou para o lugar em que havia parado. Na sinaleira do amor, estava vermelho. Assim como ele o fez. De volta para a realidade. De volta para o café. Para os livros de romance no bidê. Ele voltou para as juras, os carinhos, as dúvidas diárias de uma relação da qual ele gostava de fazer parte. Retornar para aquela que tinha o coração quente e gloss de cereja parecia certo. Ela apostou em quem podia levá-la para dar uma volta, tomar um chocolate quente numa tarde qualquer. Pra quem pudesse aquecê-la nos dias que seu coração poderia cair, como uma pedra de gelo, igual ao do suco de laranja que ele havia tomado na manhã passada.

Rotina

Tem dias que a gente se sente como se um caminhão tivesse passado por cima. Nesses dias, a única vontade que eu tenho é de sentar e chorar e chorar e chorar, vontade de jogar tudo pro alto e dormir pela semana inteira, sem ter horário pra seguir, sem ter jornada pra cumprir. Mas infelizmente eu recobro rápido o juízo e vou parar de escrever porque tá na hora de me arrumar, pra poder ter cinco minutos pra almoçar e pra depois correr com chuva até o trabalho. Eu reclamo demais, mas até esse direito eu acho que tô adquirindo. Se eu reclamo, ao menos eu faço. A última coisa que podem dizer de mim é que não faço nada. Isso na-não.

Rosa


Tenho fugido. Constantemente. Para as letras das músicas que falam o que receio confessar. Para as poesias escondidas nas histórias que leio. Para as orações que preenchem o silêncio que eu crio em mim. Eu me sinto um plágio de mim mesma. Ouvindo pela milésima vez o mesmo cd, pelas mesmas sensações.
Que irônica a vida é e eu me pergunto... Por quê?
O que ela quer me mostrar? Sinto como se tivesse apanhado de um lado do rosto e tivesse dado a outra face. Não entendo como posso ser feita de tantos opostos.
Eu quero sair por aí descobrindo o prazer das pequenas coisas, mas parece que a maioria das pessoas enquanto isso está trancada em casa, em romances, em medos, em passados. Sabe-se lá. As estradas da vida são confusas e podem nos deixar cegos. Mas uma coisa é certa, ainda bem que eu gosto de ficar na minha própria companhia.


"No quiero soñarmil veces la mismas cosas ni contemplarlas sabiamente.
Quiero que me trates suavemente."

La vida es...

"No quiero que lleves de mi
Nada que no te marque,
El tiempo dirá si al final
Nos valió lo dolido.
Perderme, por lo que yo ví
Te rejuvenece.
La vida es más compleja de
Lo que parece.
Mejor, o peor, cada cual
Seguirá su camino.
Cuánto te quise, quizás,
Seguirás sin saberlo.
Lo que dolería por siempre,
Ya se desvanece."

Jorge Drexler

terça-feira, 15 de junho de 2010

Vida de Adulto

Essa tal vida de adulto, que minha mãe sempre me falou, é uma droga mesmo. Passei os últimos dias com os olhos o dia todo no relógio, meus hábitos alimentares jogados no ralo, litros de coca-cola e quilos de chocolate pra aguentar o dia inteiro de pé, horário controlado até pra respirar e, pela primeira vez, tenho vontade e não tenho tempo de estudar. Nessa vida de adulto, ouço há uma semana as mesmas músicas, corro de um lado pro outro, já usei salto alto mais vezes do que em todo o ano passado e nem pras minhas corridas e caminhadas amadas eu tenho um minutinho. Minha mãe tinha razão, agora eu sei como ela se sente. Como um mero sobrevivente da vida. É correr de um lado pro outro pra chegar no fim do mês e nem salário ter na conta. É colocar em jogo os relacionamentos, as amizades e todas as coisas que precisem de tempo. Falando nele, só pra dar um exemplo, hoje eu saí e comprei dois esmaltes às duas da tarde e só AGORA eu reparei que tô com esmalte colado no cabelo. E, pra piorar, o esmalte é vermelho. Há uns dias não paro pra me encarar no espelho, há uns dias só escovo os dentes com a escova que fica na bolsa e nem lembro mais o que seria dormir no sofá, dar um cochilo no meio da tarde.

Minha mãe tinha razão, mais uma vez. E agora eu vou correr, correr pra chegar nem sei onde e sem nem saber o porquê. Vou correr e nem é a corridinha que eu adoro, é a minha mais nova maratona diária: aquela quase invencível, contra o relógio.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O que você achava

"Bem, eu não posso te dar tudo o que você quer
Mas eu poderia te dar tudo aquilo que você achava que precisava
Um mapa para colocar abaixo do seu assento
Você vai lê-lo para mim e te levarei até lá rapidamente
Mas dobre-o de modo que não consigamos achar o caminho de volta em breve
Ninguém sabe que estamos aqui
Nós poderíamos estacionar a van e andar até a cidade
Achar a garrafa de vinho mais barata que conseguíssemos
E falar sobre a estrada que ficou para trás
e sobre como se perder não é perda de tempo
E o porto vai nos levar para casa
E em certo momento nós vamos cantar enquanto a floresta dorme
É tudo isso pelo simples motivo de chegar com você
Bem, é tudo isso pelo simples motivo de chegar com você
Bem, eu vou fazer um catálogo em uma cama
A vela está queimando seu próprio tempo para descansar
Não podemos trazer de volta coisas que já foram
Eu posso lhe dar promessas para guardar
E eu só as pegaria de volta
Se elas se tornassem as suas próprias promessas e você as desse para mim
É tudo isso pelo simples motivo de chegar com você
Bem, é tudo isso pelo simples motivo de chegar com você
Nós poderíamos fazer isso em qualquer coisa
Nós podemos desenvolver isso e nos tornarmos o que devemos ser
Isso pode nos transformar em qualquer coisa
Isso pode nos transformar em mais do que você pode ver
É apenas como se sente"

Jack Johnson - What you thought you needed

(12 de junho)

(12 de junho)
Hoje é dia dos namorados e mais uma vez eu vou dizer que não gosto do dia dos namorados. Não gosto da ideia de uma data específica para declarar o que sentimos, para presentear e ser presenteado. Não gosto do dia dos namorados pois, ao gostar, eu concordaria que esse seria o grande dia para dizer "amor, eu amo você" e eu discordo totalmente disso.

O dia do amor tem que ser todo dia e não um doze qualquer inventado para ser uma data comercial. O dia do amor tem que ser cada vez que se olha nos olhos da pessoa amada e que se sente aquele aperto gostoso no peito, aquela vontade irresistível de se declarar mais uma vez, aquela sensação que diz que depois de nós não existe mais ninguém. O dia do amor tem que ser cada vez que dermos as mãos, cada vez que trocarmos carinhos e cada vez que fizermos qualquer coisa juntos. O dia de presentear pelo amor é qualquer dia, afinal amamos o ano inteiro. Mas é muito injusto, logo no dia dos namorados, dizer não gostar da data.

Então não me prolongo mais e desejo a todos, sejam solteiros ou namorados, um feliz dia dos namorados. Um belo dia do amor, consigo e com os outros. Desejo felicidade, seja ela dependente ou não de companheiro. Desejo amor, somente amor. Sem precisar de complemento, de objeto, de aliança no dedo e faixas no calçadão. Amor purinho, uma delícia que todo mundo deve provar algum dia.

P.S.- a música do amor é, por hoje, Till There Was You.




"There was love all around
But I never heard it singing
No I never heard it at all
'Til there was you..."
(The Beatles)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Imersa

Eu nunca soube fazer poesia, verdade
Tento usar as palavras certas pra decifrar o que eu nunca entendi
Esses meus sentimentos confusos que se contradizem a cada novo dia
Eu nunca soube dizer as coisas de um jeito simples e seguro
Parece que em cada frase há algo escondido, algo que nem eu sei que está lá
Mas nesses momentos que eu paro as minhas pernas e meu olhar
Deixo o que há em mim fugir desse lugar frio e escuro que nasce e morre em mim, sempre.

Eu já nem sei, eu que sei
O frio vem chegando de mansinho, trazendo o que eu já havia esquecido
Os pequenos deleitos que existem pra nos confortar nessas noites estranhas que o sono não vem
É a falta do estímulo que vem de dentro, é a falta do sonhar, é o não devo, o não posso, o não tem.
Eu sabia até ontem do que eu precisava.
Hoje sinto que estou imersa no que restou de você.

É

É tanto, é tão pesado e tão complexo e ao mesmo tempo é tão pouco, tão leve, tão bonito, tão colorido e tão simples. É tanta contradição, é tanta confusão. São tantas as coisas que eu gostaria de dizer que eu não consigo organizar nada de um jeito mais ou menos coerente, como já diria Kafka. Não consigo ordenar meus pensamentos, não quero enxergar os sinais que a vida me dá. Por mais que sejam eles tantos, tão gritantes e óbvios, eu ainda busco uma rota alternativa. Eu vou fugir daqui, vou pra qualquer lugar levando só a mochila e um coração meio colado, meio caído, meio qualquer coisa. Esse coração que eu faço questão de pisotear e deixar que seja chutado, constante e violentamente. Esse coração, que bate tão devagar, já vai pensando em parar de bater. Em jogar a toalha. Não há mais bordas, os cacos estão muito finos para serem colados.
Já não é mais um coração, são cacos de cristal. Já não sou mais eu, sou o passageiro de qualquer lugar.
Sou não sei quem, vim de não sei onde, vou pra lugar nenhum.
As always.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

carta

"Querida Karen,

Se está lendo isso é porque eu realmente tive coragem de enviar.

Então, bom para mim!

Não me conhece muito bem, mas se deixar, verá que tenho tendência a falar que tenho dificuldade para escrever, mas isso... Isso é a coisa mais difícil que já tive que escrever. Não há maneira fácil de dizer, então vou falar logo.

Conheci uma pessoa.

Foi um acidente. Eu não estava à procura e não estava preparado.

Foi uma tempestade perfeita. Ela falou algo, eu também. Quando vi, queria passar o resto da minha vida nessa conversa. Agora estou com a intuição de que ela pode ser a mulher certa.

Ela é totalmente louca, de um jeito que me faz sorrir, altamente neurótica. Uma grande dose de manutenção necessária.

Ela é você, Karen. Essa é a boa notícia.

A má é que não sei como ficar com você nesse momento. E isso assusta pra caralho. Porque se não ficar com você agora, sinto que nos perderemos. O mundo é grande, mal, cheio de reviravoltas. As pessoas costumam piscar e perder um momento. O momento que poderia mudar tudo. Não sei o que está acontecendo entre nós, e não posso dizer por que você deveria gastar um pouco de fé em alguém como eu.

Mas como seu cheiro é bom, como o lar! E faz um ótimo café, isso tem que valer alguma coisa.

Me liga.

Infielmente seu,

Hank Moody."

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ô meu Deus


























A vida anda muito chata mesmo
Que não resta muita coisa nossa
A vida anda muito monótona
Que a gente tem que se preocupar com a vida dos outros
Pra se sentir importante, se sentir útil, se sentir vivo
A vida anda sem graça
Que a gente tem que fazer piada da vida dos outros
Pra ter do que rir
A vida anda muito triste
Que a gente tem que inventar desculpas
Pra poder confundir a vida dos outros
A vida anda muito desonrientada
Que temos que nos preocupar com o rumo que a vida dos outros toma
A vida anda muito vazia
Que a gente tem que comentar do cabelo novo da colega
A vida anda muito deprimente
Que a gente tem que assistir a novela e fingir que acredita que é real e até chora
A vida anda muito sem sal
Que a gente tem que sair e chamar a atenção de todo mundo numa festa
A vida anda muito confusa
Que a gente tem que mentir pra quem julgamos amar
A vida anda muito competitiva
Que temos que passar por cima dos outros pra nos sobressairmos
A vida anda muito difícil
Que a gente tem que ser egoísta e cuidar dos nossos interesses
A vida anda muito violenta
Que mais um tiro ou menos um, não faria diferença. Faria?
A vida anda muito cansativa
Que a gente tem que se distrair fazendo besteiras
A vida anda muito desarmônica
Que temos que esquecer dos nossos problemas e falar do dos outros
A vida anda muito cruel
Que temos que ser cruéis também criticando a todos, até a quem nem conhecemos
A vida anda muito o quê mais, meu Deus?
A gente que faz a vida do jeito que ela é.
Coitado daqueles que ainda não sabem escrevê-la com as próprias palavras
E precisam de interfúgios, mentiras, fofocas.
Ô gente mesquinha, meu Deus!
E eu estou preso aqui na Terra com todos eles...

,,,

E o que que a vida fez da nossa vida?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Fly


"Gotta find a way
Yeah, I can't wait another day
Ain't nothin' gonna change
If we stay 'round here
I gotta do what it takes
Because it's all in our hands
We all make mistakes
Yeah, but it's never too late to start again (yeah yeah)
Take another breath
And say another pray


Then fly away from here
To anywhere
Yeah, I don't care
If we just fly away from here
Our hopes and dreams
Are out there somewhere
Won't let time pass us by
We'll just fly


If this life
Gets any harder now
It ain't no nevermind
Ya got me by your side
And anytime you want (fly fly fly)
Yeah we catch a train
And find a better place
Yeah, 'cause we won't let nothin'
or no one keep gettin' us down
maybe you and I
Could pack our bags and hit the sky


Then fly away from here
To anywhere
Yeah, I don't care
If we just fly away from here
And our hopes and dreams
Are out there somewhere
Won't let time pass us by
We'll just fly


Do you see a bluer sky now
You could have a better ride now
Open your eyes


'Cause no one here can ever stop us
They can try but we won't let them
No way-ay-ay-ay-yeah-ah


Maybe you and I
Could pack our bags and say good-bye


Then fly away from here
To anywhere
No Honey, I don't care
If we just fly away from here
Our hopes and dreams
Are out there somewhere
Fly away from here
Yeah, Anywhere
 

Now honey, I don't I don't I don't fly (yeah)

We just fly (fly away)"




P.S.- coloquei a música inteira porque não consegui escolher só um trecho lindo dela.

domingo, 6 de junho de 2010

Estranho é não sentir


Estranho é não sentir saudades
De fato, o que ficou não foi a ausência
Eu olho para a minha parte inteira agora

Aprendi a ter paciência
Que a chuva não chega enquanto o terreno não estiver arado
Aprendi a obter a plenitude dos sentimentos
Que nada pode completar o vazio que há em nós a não ser nós mesmos

Estranho é não sentir saudades
É não doer o peito quando se pensa no que passou
Deixar a água cair sobre os olhos e ao fechá-los, não lembrar mais se foi verdadeiro

Eu continuo, eu continuo.
Eu olho pela janela as pessoas pequeninas lá fora, com pensamentos e desejos
Que bela que é a vida e seus fios enrolados que nos puxam para cima e para baixo
Até que a linha acabe
Que belos são os sentimentos puros, eles nos fazem tanto de bem
Curam as feridas abertas, purificam a alma das tristezas sofridas
Enchem de emoções nossos grandes corações
Há sempre a chave certa para reabrir um baú de medos há muito fechado
As estações mudam as cores que pintam os nossos dias
Como quadros, como relíquias.
Amores passados, amores terrenos, amores selados por não mais.
Amores bem-vindos, amores sorrindo, amores selados por bom dias.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Promessas

As promessas não foram suas
Nem minhas
Foram do vento, foram do tempo
São como ondas que quebram, que desaparecem e
se tranformam em outras ondas que pertencem à maré.
A maré muda, trazendo conchas novas para a beira da praia.
Eu as pego emprestado e depois as devolvo para o mar.
E nesse momento uma gaivota não sabia parar de voar
sem olhar para os azuis
que colidiam num beijo salgado.

Assim são os amores, as dores, as flores
Elas morrem no vaso para outras virem enfeitar
a casa com a nova cor da estação.
Assim são as folhas que caem, as nuves que passam.
São os ciclos da vida. Os ciclos do coração.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Firmamento


"entre o céu e o firmamento

não há ressentimento

cada um ocupando o seu lugar

(...)

entre o céu e o firmamento

existe mais coisas do que julga

o nosso próprio pensar

que vagam pelo tempo

e aquele sentimento de amor eterno"

Cidade Negra

terça-feira, 1 de junho de 2010

Desapego


"Quando o vento chega e oscila o bambu, o bambu não guarda o som depois que o vento passou. Quando os gansos atravessam o lago, o lago não conserva seus reflexos depois que eles se foram. Da mesma maneira, a ment das pessoas iluminadas está presente quando ocorrem os acontecimentos e se esvazia quando os acontecimentos terminam".

O desapego nos leva a desenvolver um conceito novo sobre liberdade. Aprendemos a confiar em nós mesmos, sem precisarmos de alguém ou algo para nos completar. O que temos de mais valioso é exatamente o poder das nossas atitudes que refletem o quanto estamos interados com nossa evolução e por conseqüência nossa espiritualidade.

Ao percebermos que tudo na vida terrena é passageiro, alcançamos o objetivo pleno de deixar todas as coisas livres, assim como elas são e não sofrermos por isso. Não possuímos nada além de nossa sabedoria íntima e a fé que construímos com o amor incondicional à vida. Tudo que acontece no universo é natural. Tem um motivo, um propósito. Por isso, criar mágoas devido às perdas naturais não é viver com sabedoria e sim com egoísmo e vaidade.

Ao alimentarmos nosso ego, nos enganamos profundamente sobre o amor verdadeiro. Afinal, apesar da separação física, nada destrói o que é verdadeiro. A paixão e o desejo podem acabar até porque deveriam acabar, afinal, nada é por acaso. Porém, os laços de amizade e admiração não há tempo nem espaço que destruam em corações bondosos prontos para o perdão, compreensão e afetividade espontânea.

Mulher


Já se foi o tempo em que os nossos cabelos e o cachorro eram as únicas coisas que tentávamos domar. Domar pelos do corpo, o temperamento dos filhos e do chefe, domar o marido rabugento de manhã cedo e domar as adversidades, por mais absurdas que se mostrassem. Nós mulheres nos tornamos verdadeiras mestres na arte de domar as coisas que vemos pela frente - e não, esse não é um texto feminista. Onde eu quero chegar? Bem, não satisfeitas com o cabelo e o cachorro bem domados, o chefe bonzinho e o marido descansado, com os grandes amores batendo à porta e o mundo girando a nosso favor, decidimos que seria bom se pudéssemos domar também a nós mesmas. Somos moldadas para sermos perfeitas: boas mães, lindas mulheres, excelentes profissionais, donas de casa exemplates, além de gostosas, boas de cama, atenciosas, cheias de amor pra dar e ainda por cima sempre de bumbum durinho, bem maquiadas e depiladas.
Então decidimos que domar nossos sentimentos seria uma alternativa não somente viável e sim muito interessante, ao menos para tentar simplificar um pouco do tanto que devemos (e, acreditem, conseguimos!) fazer. Domamos o que sentimos e o que não sentimos, fazendo sempre malabarismo e conta de cabeça com o coração. Pesamos nossos relacionamentos não somente com a medida do amor, mas levando em consideração todos os mil fatores envolvidos em qualquer relação, colocando na balança coisas que jamais deveríamos ousar mensurar. Nos tornamos mestres em acorrentar os próprios corações, muitas vezes nos sacrificando pelo conforto ou pela felicidade cômoda de uma relação espreguiçada no tempo. Criamos desculpas esfarrapadas para os outros e passamos a vida inteira tentando nos convencer que assim seremos mais. Mais felizes, mais completas, mais mulheres. Passamos, então, a vida inteira tentando ludibriar nossas belas cabecinhas do cabelo domado.
Nos tornamos meio mulheres, meio mães, meio profissionais, meio satisfeitas, mas sempre com um sorriso no meio da cara. Somos condenadas a carregar o peso de uma relação que, se não dá certo, deve ser encarada como um fracasso e aí fazemos o possível (e o impossível) para não deixar morrer algo que muitas vezes já está morto. Nos tornamos sempre menos do que podemos ser, contentadas com uma felicidade morna com nome de relação estável, com uns dois ou três nomes de crianças gritados pela casa, com o nome de uma profissão. Nos contentamos em escolher o nome do cachorro, em troca do nome que leva nossa verdadeira felicidade. Nos contentamos em escolher o caminho mais fácil, aquele que é mais bem visto, aquele que é mais cômodo. Escolhemos ser, no fim, sempre metade. Metade de felicidade, metade de potencial, de vida. Metade de tudo aquilo que poderíamos ser, de tudo o que poderíamos escolher por nós mesmas se houvesse um pouquinho mais de coragem para jogar as convenções para o alto, para rasgar os planos amarelados pelo tempo, para quebrar correntes já enferrujadas. Metade do que poderíamos ser se fossemos um pouco mais egoístas. Um pouco mais desligadas. Um pouco mais mulheres - sem o codinome mãe, esposa, profissional, bumbum durinho ou o raio que o parta. Mulher de verdade, de sutileza e gritaria. Mulher de verdade, feita somente de felicidade.