terça-feira, 22 de junho de 2010

Defenestrar

Atirar pela janela todas as coisas pesadas que me consomem, pra bem longe aqueles medos que eu nunca consigo superar, atirar toda a raiva pela janela. Queria jogar tudo por ela e me reconstruir, reciclar um coração, reciclar minhas ideias, minhas atitudes. Renovar lindamente o armário da minha mente, comprar-lhe uns sapatos bonitos, casacos coloridos e muitos óculos de lentes para enxergar o mundo cor-de-azul (porque rosa é terrível, convenhamos).E, se eu não gostar, lá vou eu jogar tudo fora mais uma vez.
Fazer aquele vuuuuuuuuuuuuush cinematográfico pela janela. E na minha cena, seriam desde aquários a pessoas voando em slow motion cenário afora. Cada vez mais eu vejo que é necessário me reformar, comprar um closet novinho pra minha alma, sem essa de querer guardar o que ainda pode ser usado "algum dia desses". E vou repaginar minha vida, vou mudar meus conceitos, vou ver o mundo por outro ângulo, vou aumentar o grau dos meus óculos, vou pintar as unhas de outra cor, vou beber aquilo que nunca bebi antes, vou escrever e escrever e escrever e vou me dedicar a qualquer coisa que me faça feliz. Vou despirocar geral.
Virar meio hippie, vou vender colar na Avenida, não me importa. Vou brincar de ser feliz um pouquinho. Vou matar um dia de trabalho, vou atrasar meu relógio alguns minutos, vou trocar as músicas que eu ouço, vou deixar o preto de lado e vou brincar um pouco de me refazer. Me desfazer, desmontar, arremessar longe e fazer de novo. Tudo de novo.

E o mais legal é que quem me conhece sabe que eu não vou fazer porra nenhuma. Vou continuar aqui - de preto, meio cega, pontual, com as unhas esquisitas e do meu jeito simpatiquinha. Sempre inerte, com a esperança de que algum dia alguma onda gigante venha, me acerte e me arraste pra qualquer lugar. Qualquer um.

Nenhum comentário:

Postar um comentário