quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Como poucos

Pois é fácil dizer-te... talvez tenha demorado tanto
Por tamanha obviedade do que seria dito e do não-dito, demorei-me anos para dizê-lo:
Gosto de ti como de poucos
Te procuro nos meus livros
Te levo junto nas conversas de botequim
Te comparo com outros homens
Te desejo quase de afeiçao paternal
Quiçá, historia não escrita pelo desencontro dos nossos tempos. Culpada as décadas espassadas que nos originaram, culpados nossos pais, e os pais dos nossos pais, e o tempo. Tempo que nos colocou juntos na cumplicidade do estarmos em trocas singelas de olhar, mas, só(s)
Sou ingrata.
Pois sou quem me fizeste, não parida de ventre, mas de linguagem. Te inseriste dentro do que chamo de palavras, do meu suposto olhar, e mudando meu jeito, meu traço, retraço meu todo, e todo mundo passa a me traçar diferentemente também.
Eu nem sabia que em minha língua faltava tu. Meu Maestro. dos dizeres, do que não sei ler, do meu silêncio. Do que direi daqui 25 anos. Do que ensinarei meus filhos. Estarás nas entrelinhas da esquina da minha boca quando falar alto e  em bom tom em público. Te levarei comigo quando partires. E tu não o sabes, não sabes... Meu maior segredo És tu.