terça-feira, 25 de setembro de 2012

Letras miúdas

Terminava o filme que passava na tela
Letrinhas miúdas subiam ao som de uma música qualquer
Vi seu primeiro nome por entre os nomes desconhecidos e para mim, era mais como um letreiro
E pensei que um desconhecido em minha vida, um dia tu o serias também
Nossas cenas se repetiam no cinema interrompido do nosso roteiro.
E casualmente, seu nome em letrinhas miúdas, voltaria a ficar.

Para onde estávamos indo? Nos perdemos em alguma encruzilhada do nosso mapa mal traçado.
Não sabíamos a hora da partida e perdemos a largada,
Chegando em lugar nenhum, onde todos os amores mal resolvidos chegam.
Onde?
Não está mais.


domingo, 16 de setembro de 2012

Permanecido

Agradeço a inspiração. http://poetasdefimdesemana.blogspot.com.br.


Eu sentia falta dos abraços apertados que sufocavam meu medo de perdê-lo
Eu sentia falta do brilho dourado por meio da barba negra quando o sol iluminava a nós dois, ao mesmo tempo.
Sentia falta da sombra que nos unia no chão, por entre nossos passos, cruzando nossos caminhos, nos tornando intocáveis.
Sentia saudades daqueles risos demorados que iluminavam e rodopiavam na minha cabeça,
Como uma música entorpecente, me faziam esquecer o motivo da graça.
A falta dos risos e sorrisos me dilacerava, deixava um vazio, sonoro, visual, químico. Arrasava minha paisagem descolorida, constantemente fragilizada, arruinava minha razão.
Percebi, então, que via aqueles sorrisos muito mais do que quando os tinha. E percebi que eles nunca haviam de fato ido embora.  

Me falas de saudades


Viraste minha inspiração. Poesia advinda da dor.
Todo mundo precisa de uma fonte. Uns bebem água, eu bebo amor.   
            
Na nossa correnteza de palavras, quase promessas, era razão para o nosso viver. 
De que vale tanta certeza se o que nos faz seguir em frente é o não saber?


Me falas de saudades, me contas do teu dia-a-dia e reclamas da minha ausência, na mais pura ironia.
Me falas de saudades, do vazio na tua cama, no banco da moto, na tua nuca sem a minha boca.
Me falas dos resquícios de mim deixados por todos os lados
Nas gavetas das nossas despedidas. 

E eu te falo de sonhos. (Não dos que tenho contigo, meu orgulho me cala). 
Te falo de metas a serem saboreadas. Tento mostrar que o caminho é mais que a chegada.
Que os sonhos quando são grandes não demandam de tamanha pressa para serem alcançados.
Eles sobrevivem a longas distâncias, aguardam longas esperas em relógios quebrados. 
Esforço-me ao dizer que para andar, não se precisa de calçados.

Te digo que podemos ser donos do nosso tempo, apesar de sabermos que o tempo não pára.
Te peço em silêncio que me deixes por perto, que eu seja qualquer sorriso escondido na tua feição.
E que me deixes  viva nos batimentos ligeiros e descompassados do teu coração.

Te pergunto calada, o que sobraria se a saudade fosse sufocada?
Se minha foto ficasse amarelada no fundo da tua confusão?


Me falas de família, de trabalho, de bares.
Eu te pergunto por que tamanha solidão?



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Nessa Segunda Azul


E quem diria que eu iria mesmo afundar sozinha? Pois é. A história acaba assim mesmo. Eu, agarrada no mastro, no meio de uma tempestade, afundando, sozinha. E eu penso, ainda bem que sei nadar.
Eu fui paciente e cautelosa, porém, decidi ceder. Eu baixei a guarda, tirei a armadura, entreguei meus pensamentos e meu afeto com todo cuidado e com toda a ousadia necessária. Cinco meses de bom dias, de confissões, de entrega, de uma amizade apaixonada. Cinco longos meses que passaram rápido demais. Sinto ainda o gosto da ansiedade na minha boca. O brilho nos meus olhos ao pensar em ti. Sinto minhas veias latejando ao pensar em te encontrar. Sinto aquela emoção exacerbada e estupidamente pura quando eu te vi pela primeira vez. Ou melhor, eu sentia. Sentia-me incrivelmente abençoada e grata, todos os dias, por ter alguém que eu queria dar todo o meu amor, do outro lado do mundo, pensando em mim. E depois, há algumas horas. E depois, na minha frente. Poder te tocar e te abraçar foi uma das melhores sensações da minha vida. Poder olhar nos teus olhos e dizer o quanto eu esperei por aquele momento, foi mágico. E todo o tempo de espera, que foi ótimo para mim, derreteu quando tu pegaste em minha mão com tamanha delicadeza e carinho. Era uma energia simplesmente fantástica. Eu podia sentir aquele amor em todas as células do meu corpo. E tu me perguntava, o quanto eu te amava. E eu nunca soube responder completamente. Porque eu te amaria de todas as formas e quantas vezes fosse necessário pra que tu acreditasse no meu amor. E eu sei que tu o sentia. Era palpável como calor. Era um fluido transparente que passava das minhas mãos para o teu peito nas tantas vezes que ficamos em silêncio, deitados um ao lado do outro, de olhos fechados. Eu posso afirmar que vivi um sonho de um sonho. E escrever sobre isso, torna o nosso sonho real e imutável. Sabe, minha memória me prega peças. É a primeira vez que me lembro da gente. Fiz um esforço muito grande para apagar as coisas boas que vivemos, para não doer. E funcionou, por incrível que pareça. Mas decidi deixar no papel algumas lembranças porque elas valem a pena por si só. São bonitas demais para ficarem esquecidas. A nossa história daria um livro, na minha opinião. Estou aqui de coração dilacerado escrevendo trechos. Mas há muito mais. Uma infinidade de detalhes belíssimos escondidos nos minutos compartilhados contigo. A nossa poesia de mãos dadas. Como a gente costumava dizer, “é muito amor”. Lembro daquela maneira única que tu me beijavas: era um beijo com carinho e com um sentimento enorme; um beijo com saudades prévias e tardias. Um beijo de angústia, de posse, de medo. Um beijo de te quero para sempre. Eu sentia isso. ISSO não foi fantasia. Porém, o meu beijo era de pura gratidão e esperança de que a tua dor passasse. Que de alguma forma eu pudesse te curar com a minha segurança e a minha generosidade. Eu queria arrancar as tuas dúvidas, queria tirar o teu medo, queria cicatrizar as tuas feridas. Mas não dependia de mim. E esse foi o meu erro. Eu acreditei demais em ti, por mim e por ti, de uma só vez. E superestimei meu talento em ajudar as pessoas. De alguma maneira devo ter te ajudado, talvez os frutos não tenham ficado maduros ainda para serem colhidos.  Talvez.
Estou anestesiada pela ausência das falas. Pelo celular desligado. Pelo meu silêncio, pelo nosso silêncio. Estou atada nessa história e às vezes, penso, foi real? Terá sido algo inventado de forma tão bela, sem falhas? Será que me dediquei a apagar as imperfeições? Será que não vi as cicatrizes tão aparentes? Será que eu não quis ver? Será que minhas expectativas tornaram as coisas maravilhosamente especiais?
Hoje está tudo diferente. Peguei minha parte de volta. Meu coração está inteiro. Meio colado, mas inteiro novamente. Não acho justo deixar nenhuma parte de mim por aí. Não acho justo comigo, que fique claro. E nessa segunda azul, já não imagino mais segundas ao teu lado. Estou presa ao presente com pessoas que querem estar nele. Não preciso de restos, de talvez, de possivelmentes.
Deixei-me levar pelas palavras fáceis, pelos sonhos da tua cabeça inconstante. E eu gostei da idéia. Mas não fui sincera comigo. Eu gosto muito do presente. Me teletransportei pra um futuro de suposições e esqueci de  olhar para o que estava a minha volta. Nosso presente era muito importante para mim. Foi um dos melhores presentes que eu já vivi. Mas me acostumei com a falta dos bom dias. Com a falta das ligações. Me adaptei a minha nova vida sem ti. Acho que um dia ainda vou acordar chorando, perguntando, por quê? Ou em alguma cena, em algum filme que tenha muitas manhãs e muitos parques verdes, eu fique reflexiva e nostálgica. Ainda não aconteceu. Não sei se é porque o único caminho para mim agora é o de estar firme ou se é porque ainda não te coloquei no meu passado, por mais que no presente, tu não estejas mais. Deveria existir um tempo entre esses dois tempos. Um pretérito-presente ou presente-quase-pretérito. E como conjugar os verbos nesse tempo? Eu te amei? Eu te amo? Ah! Eu teria te amado para sempre.