quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Primavera

Toda troca de estação é um bom momento para olhar para dentro. Não só para dentro dos armários e gavetas, não só tempo de reorganizar as tralhas e jogar fora aquilo que há muito deixou de servir e que só é guardado por um certo apego, mas também de olhar para dentro de si mesmo. Toda troca de estação é uma boa hora para jogar fora, junto com as roupas e calçados velhos, os antigos bilhetes, as amareladas cartas de amor e as palavras que ainda ecoam na cabeça e no coração. A saída do inverno abre espaço não só para os botões que se abrem em belas flores mas para a abertura dos corações em novos rumos, em busca de novos ares e novas aventuras. Desbravar o próprio peito pode ser uma árdua tarefa que exige persistência e confiança, paciência e uma alta dose de desapego. Faxinar os sentimentos é como podar uma árvore, transplantar suas mudas e regar suas raízes. A princípio não vemos resultado algum, mas quando a primavera chega abrindo novos botões e perfumando o coração de belos sentimentos, vemos florir em nós a flor da esperança e a certeza que tudo pode ficar ainda melhor (e mais colorido).

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Poeta Está Vivo

 

 Essa música há alguns dias ecoa por aqui.

domingo, 23 de outubro de 2011

Abri a caixinha e imediatamente os pensamentos saíram voando da minha cabeça. Sumiram.
Deve ser um pouquinho de cansaço. Vou desenhar para ti, fazer massagens nos pés, reler uma leitura fácil e depois, quem sabe, eu relembre tudo o que eu queria te dizer. E o que eu venho relutando em não dizer também.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

que dia é hoje?

Me perco com facilidade nos dias, tenho me perdido com facilidade até mesmo nas semanas. Já não sei mais se é domingo ou quarta, se é noite ou dia, se é inverno ou verão. Me perco de mim mesma e me reencontro cada vez mais perdida, mais distante, mais desencontrada mas ao mesmo tempo muito mais eu. Talvez sempre tenha havido essa tentativa de sonegar o que no fundo sou eu e que se fez latente nesse tempo em que me perco e me acho para me perder novamente nas mesmas coisas, no meio dos meus livros e nas infindáveis caixas e gavetas e potinhos. Não consigo estabelecer metas, ou melhor, estabeleço mas não consigo cumpri-las. Sempre fui uma desencontrada por natureza. Agora dei pra deixar dinheiro em cima do banco, pente cravado nos cabelos, pé de cada meia, livros pela metade, canetas sob o sofá, sonhos esparramados. Dei pra voltar a mim, pra me reencontrar, mesmo quando tudo não passa do engano de se perder.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ser

Somos muito mais do que as nossas escolhas, muito mais do que tudo que optamos para as nossas vidas. Nossa essência vai muito além de cada "sim" que falamos durante a vida, muito além de cada caminho que decidimos trilhar. Somos feitos, muito mais do que cada sim, de cada não que resolvemos dizer na vida. Somos fruto de todas as coisas que optamos por não fazer, somos resultado das pessoas com quem escolhemos não nos relacionar, das coisas que decidimos que não queríamos para as nossas vidas, de cada não que pronunciamos durante toda uma história. Somos o peso de cada renúncia, a frustração que optamos por não prolongar, o sonho que deixamos de adiar, o amor que deixamos de fingir. Pesamos exatamente a medida das coisas que deixamos para trás. É só olhando pra trás que podemos saber tudo aquilo que somos, o que escolhemos de nós e as nossas vidas, o que decidimos ser. é só olhando pra trás e preferindo o presente que podemos saber que nos tornamos alguém. Maior que as frustrações, maior que as opções, maior que as escolhas que não fizemos.

Somos, quando nos tornamos, exatamente aquilo que desejamos um dia ser. Somos quando soubemos dizer não.

domingo, 2 de outubro de 2011

Pro Inferno

Passei dias tentando engolir a minha grosseria e procurando encontrar uma maneira mais sutil e elegante de dizer que desejo, do fundo do meu coração, que você vá pro inferno (porém, infelizmente, não consegui). Sejamos francos: desejo que você vá pro raio que o parta e tenho certeza absoluta que o sentimento é recíproco, simples assim. Sem hipocrisia, sem sorrisinhos, sem aquela baboseira de você me perdoou (até porque eu não lembro de ter lhe pedido perdão por porra nenhuma). Para eu chegar ao ponto de usar o você, pra dizer que você vá aonde quiser, desde que me erre, é porque quero deixar cada vez mais claro que não há nenhuma ligação que você pensa que há - ou que algum dia houve. Não há ressentimentos, não há mágoas e, believe me, isso não é papo de recalcada pós-pé-na-bunda. Francamente, não gosto e não vou desperdiçar o meu latim tentando deixar ainda mais claro o que já tentei explicar com o meu silêncio e a minha indiferença. Você não faz diferença. Nenhuma, sério. Não há nada que nos ligue e não há nada porque nunca houve nada nem quando deveria ter existido.
Desejo, de verdade, que você vá aonde quiser.
Não vou mentir dizendo que quero que você seja feliz porque quero mais que você se exploda, que suma, que evapore do mundo sem deixar rastros e sem atravessar o meu caminho nem por engano. Se uma bomba cair na sua cabeça, pode ter certeza que não fui eu que mandei jogar, mas que ficarei feliz em receber a notícia. Não sou, nunca fui e não é do meu tipo ser rancorosa, nem raivosa, nem ignorante. Mas você merece. E eu desejo de verdade que você se f***.
Com todas as letras, em tudo, com todos.
Se com silêncio você não entende, deixo claro através de palavras:

Queridinho,
vá pro inferno.
Com alegria,
Gabrielle


Agora me sinto cem quilos mais leve.