segunda-feira, 5 de abril de 2010

Que bom que não é hoje


De repente é como se eu tivesse parado no meio do caminho. Eu não sei se faltou combustível ou se existiam muitas bifurcações adiante. Eu só sinto que parei.
Alguém me fez lembrar de como eu era quando ainda sonhava acordada com minhas histórias, com meus desenhos, com a minha vida. Eu não sei em que momento eu deixei essa rotina exaustiva me dominar. Eu simplesmente esqueci-me de como eu era talentosa. Talvez, com a sensação de não lembrar, eu não me daria conta do quanto tinha realmente perdido esse tempo todo. Eu fechei meus olhos para a minha velha alma de artista. E me dar conta disso parece que mexeu lá dentro com as minhas emoções.
Eu não sei decidir ainda o que eu quero ser. E por enquanto eu fico feliz que esse dia não tem que ser exatamente hoje. Em algum momento eu terei que definir o que eu vou fazer do meu talento e do meu sonho de salvar pessoas. Será que eles vão conseguir andar juntos? E será que fazendo a diferença na vida das pessoas eu vou verdadeiramente fazer na minha? Eu queria despertar a velha menina de cachos na cachola que parece adormecida no meio das obrigações, do medo, das incertezas. Que se esqueceu das coisas valiosas da vida, como felicidade e satisfação. Quem sabe ela quando acordar poderá me ajudar a resgatar os meus velhos sonhos, os meus velhos desejos.
Eu sempre senti que iria fazer algo grande de minha vida, não me parecia pretensão, na época. É como aquela sensação que você vai ser pego quando faz algo errado, ou como aquele frio na barriga quando vai dar seu primeiro beijo. Você só sabe como vai ser, mesmo sem saber. Eu não diria que é o meu destino, mas uma voz dentro de mim me gritava que nada ia ser em vão. Eu só quero ouvir essa voz de novo e saber que caminho tomar e ter certeza de que é o certo. Mas por enquanto, fico feliz que esse dia não é hoje.

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