quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ele Seria Rei


Como seria bom se chegasse bem vivo e maduro
Para intrigar-me com tudo aquilo que aprendera
Mas que ainda sobrasse um pouco de curiosidade
Para ensinar-lhe as minhas teorias
Mas que tolas teorias!
Não importa, fascinado ele as escutaria.

Como seria bom se me chegasse com uma rosa, um vinho e uma carta
Mas melhor presente seria se me desse seu coração.
Que não fosse de extremo romantismo
Já que eu precisaria de um pouco de incerteza
Para continuar a querer conquistar sua paixão.

Como seria bom se chegasse sem revirar minhas gavetas,
Desarrumar meu guarda-roupa, fuxicar no meu passado
Que não fosse um peso e nem um fardo
Fosse leve que nem pluma e me enchesse de pureza
Que com ele se instalasse a presença da ausência da tristeza
Não quisesse controlar minha fúria e rebeldia
Não tentasse roubar da minha liberdade
E dos anos que a idade ainda me traria
Não fechasse a gaiola e deixasse eu bater asas quando desejasse
Porém que soubesse que meu pensamento a ele pertenceria

Como seria bom que me chegasse contando piadas
Das degraças e das peças que a vida lhe pregou
Com um belo sorriso, me conquistaria
E prometeria que nunca me deixaria
Uma gota de chuva dos meus olhos derramar
Como em um espetáculo de teatro, seria um ator
Desempenhando papéis de forasteiro, bandido, palhaço e o mocinho
Que sempre morre de amor

Como seria bom que chegasse me pegando no colo
E me chamasse de rainha
Me desse bons motivos para assim fazê-lo rei
E governar o meu país
Com a sua própria lei

Como seria bom se chegasse sem pedir licença.
Sem dar desculpas, nem quisesse esse meu jeito incoerente modificar.
E com as mesmas palavras doces diria que não iria
Distante jamais estar

Como seria bom se chegasse sem bater na porta
Me tirasse para uma dança,
No meio da sala de estar
Mas a estrada não é tão simples, é uma constante troca de par
E a paciência é a melhor virtude
Para quem morrerá de esperança
Nunca exausto de dançar.
Liana Dolci

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