sábado, 13 de março de 2010

Papai do Céu


Será que o senhor poderia me fazer um favorzinho? Amanhã, eu queria não acordar com tanto mau humor. Amanhã eu queria não falar dez mil palavrões. Amanhã eu queria não xingar 90% das pessoas que passam por mim durante o dia. Amanhã, seu papai do céu, eu queria enxergar o céu, azul. É, parece que eu só tenho visto o cinza. Amanhã eu quero que tanta gente não deixe de gostar de mim. Amanhã eu quero um pouco mais de simpatia gratuita. Amanhã eu quero tentar ser com todos o que eu sou com uma parcela irrisória de gente. Amanhã eu quero ser gente. Amanhã eu quero não pensar na estupidez do fulano ou na raiva das atitudes dele. Amanhã eu quero brincar de ser humano.
Quero acordar bem, enxergar o azul do céu, ter ouvidos para os pássaros, quero ficar sozinha e recuperar minha paz, quero deixar um pouco de lado um pouco de toda minha intolerância inacabável. Quero fazer alguém feliz amanhã. Quero tentar me fazer feliz. Não quero que o sol se ponha e leve junto com ele meu humor e aquela leveza que eu costumava ter. Não quero mais provocar antipatia em todo mundo. Não quero mais ser indiferente a meio mundo. Quero enxergar as pessoas, enxergar as coisas boas que elas possam ter e poder dar uma chance pras pessoas. Quero também que deem uma chance pra mim.

Eu não sei o que me deixou assim, papai do céu. Eu não sei em que parte do caminho eu me tornei esse monstro. E sinceramente eu não consigo lembrar onde deixei meu coração cair. Só sei que amanhã eu quero viver diferente, nem que depois de amanhã eu vá voltar ao habitual humor ácido e à testa eternamente franzida. Amanhã eu quero sorrir. Amanhã, eu quero só um pouco de paz.

P.S.- e se o senhor puder me trazer um pouco de sono para essa noite, ia ser de grande ajuda.

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