segunda-feira, 15 de março de 2010

A Noite


Como é bom sair pela noite. Saborear a noite, sentir seu cheiro. Não o cheiro dos carros, da poluição, do suor e dos perfumes, da saliva, do trânsito, do sol. Sentir o cheiro da noite pura. Silenciosa e tranquila, apenas com o cheiro do vazio e o sabor das estrelas. O sabor de uma rua vazia, de dançar em frente a um semáforo, de correr pela calçada sem atropelar ninguém, de observar o farol esverdeando, de observar o farol avermelhando. O cheiro da rua só nossa, o gosto mais divertido da solidão. A pontinha amarga do medo na breve alegria de saltitar noite adentro. Ah como é bom sair pela noite. É o misto mais gostoso entre o cheiro do vazio, o sabor da felicidade instantânea e a pitada do medo.

Durante a noite, alguns dormem. Outros saltitam nas ruas tentanto (re)conhecer, entre tanto silêncio, suas próprias vozes. Afinal, nada melhor que a calada da noite para revelar qual delas verdadeiramente nos pertence.

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