sábado, 20 de março de 2010

O Idiota


Ah, por favor. Tem muita gente querendo pagar de culto por esse mundo. Gente que liga o player do msn pra mostrar pra todos os contatos que tá ouvindo alguma música que diga que bá, esse cara conhece música, mas que desliga quando começa a tocar alguma coisa mais 'bizarra' que tava no aleatório. Gente que vive dizendo que tava estudando, que cita mil autores, mil frases sábias mas que lá no fim, quando muito, sabe o que metade deles disse. Gente que estuda antes da aula pra mostrar pro professor que sabe do que ele tá falando. Gente que chega até ao cúmulo de postar na internet o que vai estudar, qual a matéria, bla bla bla. Que  posa com camiseta legal, frase bonita e não faz porra nenhuma do que diz a frase e que muitas vezes nem sabe quem é e o que fez o cara da camiseta.
Cadê a idiotice, minha gente? Cadê o tempo de ouvir música bem ruim,  ruim de doer o ouvido, dançar pelo quarto, se vestir que nem lixo enquanto varre a casa? Cadê o tempo de não ler nada e se divertir com algum programa da televisão? De dar um tempo pra coluna e parar de andar com cem livros pendurados, só pra mostrar que lê? Cadê a dança pelo meio da rua, o canto alegre, o riso na chuva? Cadê a minha hora de ouvir Roberto Carlos e ser feliz com a minha breguice?
Tem aquele texto tradicionalíssimo que diz que a idiotice é vital e que devemos guardar a nossa seriedade para os momentos em que ela seja realmente necessária, e com ele eu concordo plenamente. A idiotice nada mais é do que o jeito mais sincero de exteriorizar as nossas felicidades, um jeito original de manter a sanidade em meio a esse mundo tão competitivo e entre toda essa gente louca e afetada pelo mal da seriedade excessiva. Tão bom ser um idiota sem culpa, fazer o que tem vontade e não se preocupar com a pose, com o livro, com o vocabulário. Tão bom não se preocupar em ouvir só algum estilo de música na frente dos outros, pra mostrar a inteligência ou sei lá o quê que se tenta mostrar com isso.

Acaba o verdadeiro idiota sendo aquele sério o tempo todo, que não brinca, não pula, não sabe o gosto de uma música porcaria e que não vive, apenas existe. E existe pros outros, pra aparência, pra passar por essa vida se fazendo de intelectual. E viver assim, ah... assim é que é idiota.

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