quinta-feira, 25 de março de 2010

Naquela noite


E lá estavam eles, em um momento que jamais voltaria. A Lua brilhava lá do alto, registrando a cena com um olhar triste. Nenhum deles percebia que lá estava ela, observando atenta, e tampouco reparavam nos outros andarilhos na rua. É como se o mundo tivesse parado de girar, ou era o que eles gostariam que acontecesse.


A mente dela viajava dentre os pensamentos mais angustiantes, enquanto os olhares se entrelaçavam no ar. Com um olhar profundo que ela raramente oferecia a ele, ela queria simplesmente ter força pra dizer que a vida é feita de escolhas. Quando você quer ganhar algo, tem que perder outro. Não havia nada que ela pudesse fazer, a não ser... Bem, perdê-lo. Ela desejava no seu mais puro íntimo tê-lo uma vez mais, se sentir amada assim uma vez mais. É como se houvesse fogo ardesse dentro dela, queimando aos poucos as memórias, o cheiro, os traços daquele rosto que ela sabia que iria marcá-la pro resto de sua vida. Por mais que ela soubesse que mocinhas em romances Shakespearianos abandonariam os planos, as ambições, a família até, ela decidiu ser adulta. Ela não sabia que crescer doía tanto. E ela continuou acorrentada a um amor impossível, um amor fictício, daqueles que ela adorava ler. Viver é outra história. Pode ser realmente muito árduo.

Naquele momento ele não sabia o que estava acontecendo dentro dele. Seu coração estava repartido ao meio, dividido entre as emoções mais fortes, capazes de fazer seu corpo tremer e todo o sofrimento previsto. Muitas juras haviam sido feitas, muita coisa havia sido dita. Palavras fortes, sinceras. A pergunta que pairava no ar era se elas eram intensas o suficiente para serem duradouras. Só o tempo poderia medir. Aquela noite fria de agosto não poderia decifrar quase nada. Ah! O tempo. Muitas vezes ele quis que passasse rápido como uma estrela cadente. O que ele esqueceu é que nós somos estrelas cadentes na vida uns dos outros. Somos todos passageiros, sem rota definida, guiados pelas tentações, pelas oportunidades e pelos interesses.

Eles acreditavam em amor, sim. Mas nenhum deles soube o que fazer com tudo aquilo que sentiam. Preferiram ser personagens coadjuvantes nos seus respectivos livros escritos pela mão do destino.

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