quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cuidado com o que desejar

Cuidado com o que você deseja.
Essa frase, de repente, apareceu na minha cabeça. Se dependesse dos meus desejos, eu não estaria satisfeita hoje. Desejos são instantâneos, momentâneos e, realmente, não sabemos escolher quando pedimos. Pensamos somente naquele fase de nossa vida, de um aspecto superficial. Se dependesse do meu desejo de quando tinha dez anos, já estaria casada com dezenove anos. Quando tinha doze, queria ser magra que nem a Gisele. Hoje, não gostaria. E aos quinze queria ter a comissão traseira da Beyoncé, já pensou que proporcional comigo? Já desejei tanto ser loira. Tanto ser atriz. Ser pilota de avião. Ser advogada. Ser famosa. Ser Che Guevara. Ser rica. Partir pra África ajudar os famintos e doentes. Lutar contra o capitalismo. Já sonhei ir no senado e jogar tomate neles. Já desejei que certas pessoas fossem atropeladas por caminhões. Já desejei morrer junto de uma pessoa querida que se foi. Já desejei viver pra sempre. Já desejei muito ser um vampiro. Já desejei ter coragem pra queimar as roupas de um ex na frente da casa dele. Já desejei ter força pra bater em muita gente. Já desejei mais calma. Já desejei mais amor.
Já desejei muitas coisas, boas e ruins. Me envergonho de algumas, outras, simplesmente passaram com meu amadurecimento,. Certas, com minha fase, ou com meus valores que mudaram ou com a moda que ficou pra década passada. Enfim, o que eu queria mesmo, lutei pra conseguir. É dessa forma que analisamos a força de um desejo. Um sonho que vem da alma, do coração. E sonhos assim nunca morrem. Mesmo depois que conseguimos, eles ficam guardados, como troféus nas prateleiras da nossa memória. O que queremos de verdade, buscamos todos os dias, são mais difíceis de se conseguir, porém, não impossíveis. Eu não acredito em cenários invencíveis. Todos temos a chance de mudar o nosso destino modificando as nossas atitudes.
Os desejos que mais valem a pena lutarmos são aqueles que não envelhecem, não diminuem a sua intensidade com o passar dos anos. E mesmo que um gênio da lâmpada viesse e nos desse a oportunidade de pedirmos, não iríamos fazê-lo. Sabem por quê? Por que não é exatamente a conquista de um sonho que nos faz felizes, mas relembrarmos o quanto fomos tenazes, verdadeiros com nossas metas, fortes, disciplinados, curiosos, utópicos reais. É se não fosse o caminho que percorremos até chegarmos ao sonho, não teríamos nenhum sentido em estarmos vivos, aqui e agora, na Terra. Nossos dias seriam menos felizes. Viveríamos com menos entusiasmo, com menos prazer, com menos alegrias. Seríamos menos. Não teríamos ideiais, por isso não buscariamos nos aprimorar, melhorar para chegarmos aos nossos objetivos. Seríamos nada. Se o mel é o que faz da abelha especial, o sonho é o que nos faz únicos e inseparáveis. Sim, unidos pela paz, pelo amor, pela melhora que sempre buscamos para, assim, realizarmos nossos sonhos, e não, nossos desejos.

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