domingo, 9 de maio de 2010

Mães

Acho uma injustiça com as mães que o dia delas seja apenas um no ano. Afinal nós, filhos, não escolhemos somente uma data do ano para dar trabalho. Nem só um dia no ano em que adoecemos, ou que quebramos a perna, ou torcemos o braço, ou choramos a noite toda, ou decidimos que vamos bagunçar ou decidimos que hoje não vamos comer. Não é somente uma vez no ano que pedimos conselhos, que pedimos colo, que choramos as mágoas, que desejamos a presença dela mais do que tudo no mundo, quando chegamos da aula. Não é uma única vez no ano que ela se levanta cedo no domingo para fazer aquele almoço especial, não é uma só vez no ano que ela dorme tarde em função do sono desregulado do adolescente da casa que não dorme antes das quatro da madrugada - e que também, nesse tempo, não consegue ficar sem o som ligado, de preferência no maior volume possível. Não é uma vez no ano que ela nos traz presentes, que lembra de nós, que nos agrada, que nos aconselha, nos orienta e nos pega das mãos.  Não é uma vez no ano que uma mãe ouve a frase: "Manhê, me dá dinheiro?". Não é, definitivamente, uma vez no ano que saímos para a noite, com a condição de que ela nos leve e busque, e ainda dê carona para as amigas.
Como todos bons filhos ingratos que somos, dedicamos apenas um dia a estas mulheres, o norte das nossas vidas. Que já pensavam em nós nove meses antes de darmos o primeiro choro (primeiro de muitos que certamente vieram) e que, desde lá, não deixaram um segundo de nos colocar em seus planos como prioridades máximas e indiscutíveis. Como todos bons filhos ingratos, não damos a elas, neste único dia de homenagem, as honras que realmente merecem. Porque toda mãe merece um outdoor em seu dia, merece faixas num avião lhe dedicando amor e felicidades e mil pedidos de desculpas pelos vasos e janelas quebradas, pelas noites insones, pelas notas baixas e pelas chamadas na diretoria; toda mãe merece o maior campo de flores do mundo. E elas, como todas as boas mães que são, se contentam que acordamos antes das três da tarde para sentar à mesa do almoço (que ela preparou, mesmo no seu dia), que as entregamos um pacotinho meio amassado que ficou dentro da bolsa com um simples presente ou o menor vasinho de flores de toda a floricultura, porque era o que o salário de estagiário permitia comprar, e os recebem com a maior emoção do mundo, como se estivéssemos entregando a elas as maiores jóias, as maiores raridades, os mais lindos presentes.
Sinto uma imensa admiração pela minha mãe. Ela que me gerou, que só comeu coisas saudáveis durante a gestação para que eu nascesse com saúde, ela que sabe todas as pintas que eu tenho no corpo, ela que conhece quando meu suspiro é de tristeza ou felicidade, ela que me guiou de mãos dadas da primeira aula na escola e sentou do meu lado quando quis me ensinar a dirigir. Ela que quando eu tinha dois meses, reparou que eu tinha a cabeça torta para um lado e precisava de fisioterapia. Ela, que não mede esforços pela minha felicidade, que merece esse amor tão imenso que eu sinto, mas que se torna algo tão pequeno e até mesquinha se comparado ao que ela sente, aos cuidados que ela tem, às preocupações que ela me dedica, ao orgulho com que ela me vê quando eu venço alguma batalha. Minha mãe segurou minha mão desde o meu primeiro choro e eu sei que continuará segurando por todos os outros choros da minha vida, sejam eles de euforia ou frustração. Pois ela sabe que esse amor relapso, desnaturado, esse amor de filho, é assim mesmo. A gente que realmente não consegue entender e, muito menos, valorizar, o amor de mãe. Amor maior do mundo, que merece todas as honras e homenagens. Se amanhã o exército sair às ruas, mãe, fui eu que pedi para que eles desfilassem. Quero a banda tocando, os holofotes brilhando, o pessoal aplaudindo e as bandeirinhas voando, todas homenageando a minha mãe.

Parabéns, mãe! Hoje o dia é teu.

P.S.- Obrigada por tudo.

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