quarta-feira, 26 de maio de 2010

Um amor maior



O bom de se estar perdido é que você pode estar perdido em qualquer lugar. Onde quer que você vá, os problemas vão com você. Pra qualquer lugar que se olhe, há sempre algo que nos faz lembrar que nada foi um sonho. Que realmente aconteceu. E que você está sozinho no meio de um labirinto, procurando pela saída, exaustivamente. O impasse invade a sua mente como um perfume numa sala pequena. Você não consegue se livrar das imagens, das cenas que se repetem na sua mente incessantemente em forma de lembraças mortas-vivas. Até que a dor é grande demais para se conseguir suportar e, então, só resta fechar os olhos e lembrar de respirar fundo. Você mal consegue se dar conta que ainda está lá. Por um momento parece que você é só a sua dor e não há espaço para mais nada. Ter o coração partido em milhões de pedaços é tão clichê. Eu detesto ambos.

E você vê a estrada que há pela frente. Um longo caminho a percorrer até que você se sinta bem de novo debaixo do céu azul. Colinas para subir e espinhos a retirar das flores colhidas. Há tanto para se aprender, para se melhorar, para se celebrar. E então, você ergue o copo e brinda com seus amigos a vida. Por um instante você está feliz e agradecido por estar vivo. Até que algo rompa o silêncio da satisfação e o traga ao poço escuro novamente. Algo inesperado que relembre o quanto você ainda se sente fraco e despreparado para enfrentar o que ainda lhe corta por dentro.

Palavras confortam, assim como tudo que lhe circunda. Porém, há sempre algo desencaixado. São as velhas promessas de sempre pairando no ar convidando você para dançar pela madrugada fria que se aproxima vagarosamente. São as lágrimas escondidas há tanto na transparência da alma. É o desespero de se sentir só, com ou sem ele. Já não faz tanta diferença tê-lo. Teria somente sua metade, quase nada. Pergunto-me porque quase nada parece tanto nessas tardes monótonas. Como pude me apegar tanto a mentiras passageiras sobre a verdade volúvel. Como pude. Há perguntas que jamais serão respondidas. Há entendimentos mais entorpecentes que eum bom vinho francês. Há mágoas que se transformarão em cicatrizes tão profundas que só o amor pode curar. Um amor maior que nós dois. O amor que trará o perdão tão desejado e tão merecido.

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