domingo, 16 de maio de 2010

Palavras fáceis


Tem momentos que ao fechar meus os olhos não vejo nada além de incertezas. Descobri-me em um desses momentos, mesmo numa fase de certezas quase absolutas. A sensação de que tudo mudará, de repente. Talvez a calmaria de um lago não caiba realmente em uma mente cheia de quedas como a minha.
Uma vez, me disseram que eu era um barco a vela. Ainda preciso refletir sobre essa colocação, esta de uma pessoa que me conhece bem. Pois não creio que eu me ajuste realmente ao vento e, muito menos, saiba dar todos aqueles nós complicados a fim de manter minhas velas certas para meu barco ir na direção que eu desejo. Todos os meus planos não deram certo. E de alguma forma, não me arrependo de não ter me esforçado pra que dessem. Não era verdadeiro. Em algum ponto eles eram falhos, se não, teriam funcionado, não é mesmo? A verdade é que a vida toma conta da gente, de uma forma ou de outra. A verdade sempre bate a nossa porta, mais cedo ou mais tarde nos fazendo enxergar o que não queríamos ou não conseguíamos tolerar. Não sem dor.
E de que vale uma vida baseada em mentiras? Baseada em palavras? Palavras são fáceis. São mentirosas e discretas. Elas são parte das histórias que eu sempre montei na minha cabeça, desde criança, como um quebra-cabeça impreciso. Antes de dormir eu imaginava inúmeras histórias, cenas vindas de nenhum lugar com personagens que eu gostaria que fizessem parte dessa magia, e, sinceramente, não somente da minha história criativa, mas da minha vida. Desejava que apresentassem um significado maior do que realmente possuíam. Nas minhas fantasias eles falavam coisas que jamais cogitaram em falar. Frases românticas harmonizadas com belas palavras shakespearianas. Socorriam-me de apuros, me lançavam em aventuras incríveis, ou simplesmente me encantavam com gestos simples de carinho e cuidado. Coisas que nenhum deles fez. E nem pensou em fazer. E foi assim que vivi até agora, suportando a apatia das pessoas, a falta de sensibilidade, de romantismo, de um comportamento espontâneo no meio dessa massa de gente bitolada por regras sem propósitos os quais façam o coração bater mais forte. O que pra mim, é o essencial. É a razão única e honesta de estarmos na Terra. Para amarmos de todas as formas da maneira mais intensa que soubermos fazer. E eu, bem... Eu não encontrei maneira melhor do que minhas histórias tolas. Mas estou começando a cansar delas. Estou exausta de imaginar o que eu adoraria que fizessem. Estou farta de palavras. Quero alguém que me torne real. Que torne minhas histórias reais. Não quero mais que minha imaginação seja a melhor parte do meu dia. Que seja o que há de extraordinário no ar que respiro. Meu refúgio, minha metade. Talvez um dia ponha todas essas histórias dentro de um livro pra que as pessoas possam também sonhar com elas e usá-las como um esconderijo secreto a fim de combater a monotonia daqueles que não são criativos o suficiente para reinventar a vida e o amor. Para recriarem a paixão, todos os dias, todos os minutos. E enquanto bastar, que isso as faça felizes e satisfeitas, mesmo que seja de olhos bem fechados.

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