sábado, 26 de maio de 2012
Continuar
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Único caminho
Venha de mansinho. Chegue, assim, devagarinho. Sem fazer muito barulho que eu não gosto de confusão.
Não me pegue pela mão. Não ande na minha frente. Não finja estar contente.
Não procure gostar do que leio, do que escrevo ou até mesmo do que falo.
Seja crítico, meu amor, seja sincero.
Não fale comigo quando não quiser falar, não me diga que me adora por conveniência.
Não desista de mim, meu bem. Apesar de querer, todos os dias, um pouquinho, desistir.
Não deixe de querer desistir porque é a tua vontade maior que fiques que te faz ficar.
Não deixe de me dizer bom dia e nem agradecer pela minha preocupação.
Não me deixe completamente nua. Eu não sei ser nua, nem quando nasci.
Não me deixe esperando... numa conversa, do outro lado da linha, no meio de uma multidão.
Não se irrite com minha ingenuidade, nem com a minha preguiça demanhã.
Não se queixe da minha mania de viajar por galáxias distantes em busca de mim mesma. Às vezes eu não te levarei comigo.
Não grite comigo, mesmo quando quiser, mesmo quando quiser muito.
Não me trate mal, se não quiser me tratar bem, suma por alguns dias.
Não banque o interessado, não desminta mentiras minhas, finja que acredita nelas. Um dia eu conto a verdade.
Não faça piadas desnecessárias, não ria dos outros na minha frente, não condene minha família desestruturada.
Não mude de humor muito seguido, não durma de mau humor comigo.
Não me deixe maluca, ou deixe, mas só quando for a última opção para me chamar a atenção. Eu sei que posso ser distraída.
Não me exiba para seus amigos, não me esconda deles também.
Não me ofereça um cigarro, jamais.
Me compre bebidas às vezes, whisky, de preferência.
Não me leve para o pagode, para o sertanejo, para o samba reggae rock, "whatever".
Deixe tudo claro, tudo certo, tudo limpo para facilitar as coisas para a minha imaginação e para a minha insegurança.
Não tente me convencer, não tente me persuadir, não tente usar palavras complicadas para me confundir.
Sim, não me confunda. Jamais.
Me faça um café forte de madrugada quando eu estiver escrevendo coisas que nunca lerás.
Me olhe enquanto eu estiver ocupada, sem que eu perceba.
Me surpreenda todos os dias.
Me faça voltar para tua cama por desejar algo a mais. Me faça lutar por algo a mais em nós.
Entre no mar comigo, entre fundo, onde há tubarões. Se arrisque.
Reserve um jantar para nós dois, reserve um olhar especial para mim e um sorriso, "it would be nice too".
Seja intenso e não reclame da pimenta que eu coloco na comida que eu fiz, é claro que eu não gosto de cozinhar e é melhor se acostumar com isso.
Não reclame demais de mim, não me canse. Eu me canso fácil de reprovações. Eu não sei falhar bem.
Não aponte o dedo para mim. Não diga "eu te avisei".
Não reclame do meu salto. Do meu batom. Da minha roupa e do meu cabelo. Ele não é liso, sorry.
Não desconte os problemas em mim, não aja como se não soubesse o que está acontecendo.
Não seja relapso, por favor! Nada pior que alguém que não se importa e finge que é sonso.
Não me mande flores. Não escreva cartões comuns. Não diga que está com saudades sempre.
Não me deixe mal acostumada. Faça-me duvidar da realidade e depois me mostre como estava enganada.
Conte-me uma história antiga, conte-me do seu dia, conte-me algum sonho.
Me inclua no seu futuro. Me escolha para estar nele.
Não me descarte facilmente. Valorize meu jeito diferente.
Não reclame que sou muito calma, que sou muito lenta, que sou devagar. Eu gosto de andar devagar.
Não me dê relógios. Nem perfumes. Nem bolsas.
Não exija demais de mim. Não me iluda. Não me teste.
Não reclame que eu gosto de comer a sobremesa antes ou que eu bebo muito. Eu não vou beber cerveja, também.
Não me chame de louca. Nem quando eu parecer louca.
Não se esconda de mim, não me deixe no escuro. Não pare no meio do caminho.
Tenha coragem para enfrentar nossos problemas. Não deixe que os empecilhos da vida tirem o que temos de melhor.
Não se acostume comigo, mas me conheça melhor que ninguém.
Tente me entender. Tente mesmo. Eu nunca te faria mal.
Eu vou escutar música alto, vou deixar tudo uma bagunça, vou estragar seu adoçante por apertar demais a embalagem.
Vou esquecer de alguma data, vou esquecer de algum prazo, de algum evento. Vou esquecer.
Vou cantar muito, o tempo inteiro. Compre fones.
Vou reparar em coisas esquisitas, e perguntar coisas esquisitas. Vou ter atitudes esquisitas. Não me julgue.
Não esteja comigo querendo estar em outro lugar. Não converse comigo enquanto coma, no telefone.
Não me desaponte freqüentemente. Não me suje de falsas esperanças. Não me diga coisas óbvias.
Não exija minha simpatia com quem não gosto. Não exija que eu fale quando não quero. Não insista. Nunca insista.
Não me encurrale. Não me abandone também.
Eu já pedi para ficares? Pois, fique.
Fique a vontade, fique o tempo que quiser, fique sem razão, ou por umas mil.
Fique não por ser o único caminho. Mas por, na verdade, ser.
sábado, 5 de maio de 2012
Ventos fortes
terça-feira, 17 de abril de 2012
Carta para Gabi
quarta-feira, 11 de abril de 2012
O azul pintado de claro entrava pela janela do meu quarto, me fazendo parar por um segundo e me assustar com a velocidade com que o tempo havia passado por entre meu café gelado, minhas mãos trêmulas e meus olhos cansados. Eu podia sentir meu esforço se esvaindo por debaixo da porta com a fumaça que meu incenso queimava. Meu esforço tão interligado com meu desespero na tentativa de fazer com que ela acreditasse em nós. E como se planta uma ideia na mente de alguém? Como seria possível?
A imagem de um futuro sem a presença dela nos meus dias matava o que havia de mais bonito em mim: esperança. É tão doloroso rasgar os sonhos, romper os elos, esconder o sentimento numa caixa para ser esquecido lá. Como é difícil ir em direção contrária a do coração. Parecia inútil. Já estava desistindo quando talvez o que ela quisesse fosse a demonstração do meu afeto, do quanto eu me importava, do quanto a queria. Foi no momento que disse adeus, então, meu bem que ela mais uma vez se rendeu a mim. Exatamente como da primeira vez em que assustada me olhou, inundada por aquele sentimento de entusiasmo e medo.
Nossas histórias são fragmentadas, nossos dias são cortados em mil pedaços, nossos finais de semana programados. Mas eu queria acreditar. Eu precisava acreditar por mim, por nós dois. Não podia demonstrar cansaço, desânimo e muito menos apatia. Mesmo quando me sentia fraco, era necessário mostrar a ela que era possível. Tinha medo que ao primeiro hesitar ela fugisse de mim mais uma vez. Mas era cansativo ser mais forte do que eu mesmo poderia ser. Era renovador, mas cansativo. Eu me inventava todos os dias para ela. Fazia-me o mais interessante e paciente possível, nada poderia atrapalhar nosso amor. Pudera...
E agora eu estava aqui, de joelhos para ela novamente. Esquecendo tudo que havia feito, para poder fazer mais. Somente para vê-la sorrir, para vê-la caminhar ao meu lado pelo canto dos meus olhos e me sentir bem. Mas me sentir bem mesmo, como se a vulnerabilidade da vida não existisse, como se aquele momento fosse eterno. E para mim, na realidade, era. Eu recomeçaria quantas vezes fosse preciso, eu partiria da onde ela estivesse, eu iria continuar o que havíamos começado infinitamente.
sábado, 7 de abril de 2012
Na estrada
O vento batia forte no meu rosto e os meus cabelos dançavam com a melodia do ar. Podia sentir meu coração descompassado, alucinado de emoção por estar com ele, tão perto dele. A estrada debaixo daquela moto me dava uma enorme sensação de liberdade. Tinha o conhecido há algumas semanas somente, porém nada me fazia acreditar que o tempo não media tantas coisas assim. Um novo mundo a ser descoberto tinha se aberto diante de mim. E eu pulei da ponte diretamente para essa correnteza de afinidades, emoções e coincidências que existiam entre nós. Não me importava muita coisa além daquele momento que nos unia por uma hora, talvez um dia, talvez uma vida.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Letras letras letras
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Fácil
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Esposa Fragmentada
sábado, 31 de dezembro de 2011
Helena...
Quero que saibas que errei inúmeras vezes desde que nasceste, mas farei ainda pior, tomarei decisões equivocadas, direi não quando deveria dizer sim e o contrário também. Teremos as nossas diferenças, os nossos gostos, manias e peculiaridades. E sei que sou autoritária e teimosa, mas prometo que até cresceres a ponto dessas características aparecerem, tentar me tornar um pouco menos cabeça dura e mandona. Preciso te pedir desculpas, meu amor. Porque muitas vezes estarei nervosa demais para superar o orgulho após a briga e te dar razão mesmo quando estiveres certa; porque outras tantas vezes vou descontar a fúria de um mau dia numa pequena pessoa - ou já nem tão pequena assim - que sempre me encarou com olhos brilhantes de amor e devoção. Enfim, quero que saibas que errarei, pura e simplesmente, por amor. Errarei por um amor desesperado, desmedido, que não consegue caber dentro do meu peito. Errarei sempre na esperança de estar fazendo o melhor, errarei com convicção e, daqui a vinte anos, saberei que errei porque te amei demais.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Mudanças. Aquele frio no estômago do novo. Do velho que restou dentro de
nós. A gente carrega o nosso passado para onde quer que formos. E depois que
nos mudamos, parece que nunca mais conseguiremos ser um só novamente. Sempre
deixamos pedaços de nós por onde passamos, com as pessoas que compartilhamos
momentos, nas calçadas em que andamos, nas festas nas quais dançamos, nas
praças, nos bares.
É um mar infinito o das memórias. Porque recriamos as imagens, as falas,
os sentimentos. A saudade faz isso: deixa tudo mais mágico, significativo,
atraente. Apegamos-nos ao passado quando não temos um presente definido ou um
que nos acalme a alma. Ou, simplesmente, porque nos faz falta. Não seria um tanto
óbvio? Às vezes dói mesmo o peito, embora nossa situação seja satisfatória, há
um espaço vazio que jamais será preenchido, das coisas que fazíamos e das
pessoas com quem andávamos. É desse espaço que eu tenho medo.
Mas as mudanças são necessárias. Na vida nada permanece igual. Nem um
dia sequer. Grandes mudanças são o que marcam a nossa existência. São barreiras
vencidas, linhas de chegada comemoradas. São as mudanças que dão sentido a
nossa vida, que nos fazem crescer, amadurecer, ver o mundo de uma forma
totalmente diferente da que víamos antes. Faz-nos abrir o coração para novas
aventuras e novas ideologias. Damos valor a coisas que não dávamos antes. E é
aí que percebemos que estamos envelhecendo, que estamos passando pelo tempo e
que o tempo, também, está passando para nós.
Ah! Mudanças. São o que ficam na memória, são o que nos dão belas fotos,
são o que nos tornam pessoas “vividas”, com experiências para compartilhar,
cartas para mandar e uma enorme coleção de memórias. E o único jeito é se
adaptar a elas. É dar o nosso melhor, ver a vida com otimismo, tornar a
fraqueza em coragem e fé. Porque se tem uma coisa que aprendi é que, no final,
tudo dá certo.