terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Cartas para Liana - O Mundo de Sofia

Oi amiga!

Lembrei da nossa conversa de ontem sobre como a rotina nos absorve e acabamos nos esquecendo de olhar pra dentro, de refletir, de dar valor às coisas que são realmente importantes e isso me fez lembrar uma frase do "O Mundo de Sofia". A penúltima vez que tive em Porto Alegre comprei uma versão dele pra mim, lembro que a primeira vez que o li foi através de uma gentil cessão tua (obrigada, amiga ;)) e lembrei de uma frase do curso de filosofia quando o "professor" explica à Sofia que somos como bichinhos microscópicos que vivem na pelagem do coelho que é tirado da grande cartola do Universo e que, quando nascemos, estamos bem na pontinha dos pelos, vendo o truque acontecer e olhando dentro dos olhos do grande mágico mas, conforme passa o tempo, vamos sendo arrastados (ou nós mesmos nos arrastamos?) para cada vez mais fundo, onde formamos um ninho quentinho e de onde não queremos mais sair. Ele diz que os que permanecem a vida toda tentando escalar a pelagem do coelho são os filósofos, que ficam lá em cima gritando para nós que estamos quentinhos lá embaixo que há um mundo lá fora, que é um truque, que há um mágico, mas mandamos que eles calem a boca e continuamos imersos nos nossos cotidianos, sem nunca mais sair daquele conforto.

Será que estamos caindo assim tão depressa? Muitas vezes me deparo aqui com a caixinha de edição de texto e não sei mais o que quero dizer. Logo eu que dizia tudo que vinha na cabeça, será que estou me arrastando tão rápido lá para baixo? Tenho medo que nos tornemos imunes às belezas do dia-a-dia, à mágica da vida e é aí que fazes muito mais falta do que em todas as outras coisas. Canso de andar pelo parque e faz muita falta ter a tua companhia para dizer as coisas que ninguém mais poderia entender. O mundo nos pregou mais uma grande peça nos separando de novo, não é? Mas o engraçado é que existe uma "Liana" aqui dentro da minha cabeça pra quem eu conto e com quem eu discuto essas questões que me intrigam, que me comovem ou me emocionam. Tu fazes muita falta na minha vida, amiga. Sei que estás aí todos os dias, mas tu entendes perfeitamente o que quero dizer. É falta daquela saída despretensiosa para caminhar pela madrugada, das vezes que te busquei em aula ou da vez maluca que me escoltasse até a faculdade porque tu sabias que eu não estava bem. Faz falta ter uma amiga com quem a gente pode ser fraca de vez em quando. Faz falta ter um ombro pra reclamar bobagem, pra chorar tragédia. Mas eu sei que te tenho, meu bem. É por isso que faço questão de te escrever, sempre. Porque aqui dentro nós conversamos todos os dias, todas as horas, todos os céus azuis.

Tirei a foto do livro com os meus óculos por cima e lembrei do teu pai... "Ela ficou horrível com esses óculos!". 



Essa é só mais uma das mil coisas que me fazem lembrar de ti. Te amo!

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