sábado, 31 de dezembro de 2011

Helena...

Deve ser culpa de todo esse simbolismo que carrega o que chamamos de ano novo o que me sufocou até me acordar hoje pela manhã, mas preciso te pedir desculpas. Erro todos os dias desde muito antes de te carregar, de te gerar, te saber e te ter no colo. Erro praticamente todos os dias desde que me conheço por gente. Errei já muitas vezes comigo e erro - certamente, ainda mais - contigo. Preciso te antecipar as desculpas por todos os erros que cometerei; pois sim, continuarei errando como sempre fiz. Errando por amor, errando por convicção, errando muitas vezes sem saber. Preciso que já tenhas guardados os perdões para os meus passados, presentes e futuros erros que, te garanto, não serão poucos. Não enumero os que já passaram afinal teu pai vive me relembrando que a vida é demasiadamente curta para remoer o passado. Procuro sempre usar dos meus antigos erros para evitar cometê-los novamente, porém a vida tem um leque infindável de situações onde errar e, provavelmente, errarei em algum momento em todas elas.

Meu erros se confundem com o meu amor e com o misto de culpa e responsabilidade que, desde a primeira vez que te soube no meu ventre, passei a carregar. Carregarei para sempre o fardo de uma responsabilidade maior que meu próprio ser; fazer, crescer e amadurecer uma pessoa íntegra, honesta, madura. Carregarei comigo a culpa por todos os teus erros na vida e, por mais que nunca possa querer vivê-la no teu lugar, guardarei como erro meu todos aqueles que cometeres em teu caminho. Peço-te desculpas por ser humana e grandemente falível, mas também é lição de vida o ensinar da diversidade e do respeito a cada um em suas falhas e, principalmente, em suas virtudes. Peço desculpas pois muitas vezes não conseguirei te dar tudo aquilo que esperarás de mim, mas espero que compreendas que é muito difícil dar o que não fomos acostumados a receber. Não peço desculpas por todas as vezes que terei que dizer não, pois sei que, como eu, um dia reconhecerás a importância de cada negação imposta a ti na vida. Mas peço desculpas pelas lágrimas que, em consequência desses sim e não, irão rolar. Pais são humanos, apesar de ti, com teus pequenos quase 6 meses, hoje acreditar que nós somos mágicos e incríveis, fortes e inabaláveis, fazendo a fome sumir, a fralda magicamente voltar a ser limpa, os brinquedos aparecerem e o choro cessar. Vou errar, minha filha, vamos errar. Nós juntos erraremos infinitas e repetidas vezes. Muitas vezes te direi coisas que nem quis dizer, coisas que não serão verdade (e sei que, enquanto isso, pelas costas, me mandarás ao inferno). Te perdoarei por me mandar ao raio que parta e espero que me perdoes pelos impropérios que provavelmente direi algum dia, da boca para fora.

Quero que saibas que errei inúmeras vezes desde que nasceste, mas farei ainda pior, tomarei decisões equivocadas, direi não quando deveria dizer sim e o contrário também. Teremos as nossas diferenças, os nossos gostos, manias e peculiaridades. E sei que sou autoritária e teimosa, mas prometo que até cresceres a ponto dessas características aparecerem, tentar me tornar um pouco menos cabeça dura e mandona. Preciso te pedir desculpas, meu amor. Porque muitas vezes estarei nervosa demais para superar o orgulho após a briga e te dar razão mesmo quando estiveres certa; porque outras tantas vezes vou descontar a fúria de um mau dia numa pequena pessoa - ou já nem tão pequena assim - que sempre me encarou com olhos brilhantes de amor e devoção. Enfim, quero que saibas que errarei, pura e simplesmente, por amor. Errarei por um amor desesperado, desmedido, que não consegue caber dentro do meu peito. Errarei sempre na esperança de estar fazendo o melhor, errarei com convicção e, daqui a vinte anos, saberei que errei porque te amei demais.

Feliz primeiro ano novo, minha pequena.
Um brinde à nossa vida cheia de erros e acertos. 
Um brinde ao nosso amor que cresce a cada dia.

Mil beijos da tua pequena,
Mamãe

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