domingo, 11 de dezembro de 2011

Se não, bebe tudo de uma vez

E a cabeça gira, gira, gira
E tudo passa depressa, move-se depressa, se acaba depressa
As cores se confundem e se unem em um fio só de qualquer coisa nenhuma
A casa desarrrumada, a pilha de louças para lavar, o relógio que não para de contar
As horas que já nem vejo mais passarem, os pássaros que não vejo mais assobiarem
E a vida que grita para eu me acalmar.
É nessas horas que os sinos batem, que as crianças correm pelo quintal
Que a vida triunfa e se refaz
Para mim não mudou o mês, não mudou quase nada
Os latidos da vizinhança ainda são os mesmos e as páginas que folheio ainda são de Orgânica
Não conto os dias para não parecerem mais longos
A espera é dolorida e reflete nas minhas costas que sofrem de stress pré-traumático
E eu que prometi não pensar em amor, não deixar a corda arrebentar, não perder a cabeça
Chego a quase me orgulhar
Só não consegui cumprir uma coisa: ainda durmo demais
A verdade é que às vezes a rotina sufoca a gente, nos tranca em um quarto escuro
A gente esquece de querer saber o que há lá fora para ser visto,
Esquece de como é sentir o Sol bater forte, tão forte que tem que fechar os olhos bem fininho, assim, pra poder enxergar coisa qualquer
A gente esquece que é gente, ás vezes, e não se satisfaz com pão e água.
A gente esquece que prometer é coisa pra gente fraca, quem promete nunca cumpre porque já sabe que aquilo tá fora de alcance.
Quem promete é porque deve, pra alguém ou pra si mesmo uma prova de que consegue
O bom é ir assim, andando conforme a vida, fazendo o que dá, o que cabe no dia, o que cabe no peito, o que cabe no copo da vida
Se não, a gente fica esganado, bebe tudo de uma vez só, sem deixar nadica de nada para depois
E aí é que a vida fica chata, chata de doer a sola do pé
Tem que ter suspense, como filme mesmo
Tem que saborear a vida aos pouquinhos, assim, devagarinho, como um doce no final da tarde
Pra gente poder contar como foi, ou como achamos que foi
Pra gente ter as memórias que completam nossos dias, dias vazios assim, sozinhos, cinzas
Se não fossem os momentos degustados em lentidão
Ai que um domingo desses ia doer no coração!

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