segunda-feira, 1 de maio de 2017

Exílio

Tenho as cortinas da alma rasgadas
Guio-me por dentre as coisas todas e me parece que
Sempre acabo onde comecei no princípio
É falácia de que sou uma pessoa boa
Porque nem sei mesmo se o bom existe nesse mundo
E o que sou é um tanto fingimento.
Confesso que fiz um acordo com Deus quando tinha oito anos.
Fiz porque me contou um velho que conheci que ele havia feito.
Hoje já não me lembro o que Deus me prometeu.
Para uma criança podia ser mesmo qualquer coisa tola dessas que qualquer criança deseja.
Mas aprendi desde ali que a vida é trançada por trocas e apostas
E digo que nunca abandonei minhas derrotas,
Porque ainda sinto o gosto delas quando estou distraída.
E deve ser porque a cada derrota penso que ou Deus me traiu ou pedi pouco dele.
Há um submundo que habita em mim.
Por vezes à noite um ser oculto que não sei anjo ou o quê me descobre pelos lençóis
E me leva consigo para flutuar pelos seus pensamentos mais estranhos.
Ali me sinto abandonando tudo, um certo medo me toma, mas logo estou nos braços do que poucos conhecem...
A mais pura solidão.
Sinto-a no meu âmago como sei que poucos a sentem.
Como se fosse exílio.
Como se fosse a vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário