sexta-feira, 5 de maio de 2017

Espera

Meu corpo era universo em explosão
Todas as minhas células pareciam debater-se
Somente no ímpeto de uma incontrolável urgência por ter-te
Como átomos em choque, colidiam ao buscar-te
Criavam uma outra coisa,
Uma nova condição de vida, um novo estado de existir
Retiravam tudo do lugar
O mundo se tornava diante de mim algo incorruptível
Eu estava a fundir-me com o desconhecido ininterrupto do estranho
A cada gole que descia pelo que chamara de garganta,
Tudo em seu absoluto transformava-se em algo a ser redescoberto pelos meus sentidos aprimorados
A vida se esculpiu no momento em que eu a te entregara
E tu me dizias para ter cuidado, quase como pedido, como aviso, como denúncia
Nada atendia pelo mesmo nome, tudo havia se modificado, eu não via nada igual.
As cores, a cadeira, a gente, a rua, os prédios, o ar, a Lua, o chão
Era como se tudo ganhasse uma nota a mais antes faltante,
Uma nova linguagem decodificava o que eu nunca entendera,
Os sinais, os signos atravessavam-se por mim
Eu era a tua espera, toda, eu era meu desejo, todo.
Ser a tua dúvida e a tua ambição
Estava aconselhada somente pela minha angústia
Da possibilidade remota de não te ver entrar pela porta
Eu estava, estou, pronta.

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