sábado, 27 de maio de 2017

do beijo

Sinto a vida Puir o que trago da infância
Sinto já saudades do que não poderei contemplar
Sinto saudades do que não entendo hoje, da confusão que amanhã não fará sentido perguntar mais que razão
Sinto saudades dessa dor gostosa de não saber
De ouvir Sobre bochechas rosadas do bebê doce que minha mãe conta que fui
De sentar de frente pro mar e sentir meu corpo ser tomado por uma estranha leveza
Sinto saudades da vida que não sentirei saudades mais
Do chão de terra molhada, do cheiro do café passado, do primeiro raio de sol entrar pela janela do quarto
Sinto saudades das perguntas repetidas, dos sofás, dos vinis mofados
Já sinto saudades deste corpo jovem, e dos risos desperdiçados nas madrugadas da noite urbana
Sinto saudades de ler pela primeira vez meu futuro autor preferido
Daquela poesia ainda não escrita.
De te beijar, infinitamente, de te beijar, já sinto saudades mesmo sem ter beijado.

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