quinta-feira, 28 de abril de 2011

Resto da Vida

Não quero nunca te ouvir dizer que pretende ficar comigo pelo resto da vida. Não quero nunca te dizer que passo contigo o resto dos meus dias. Não quero ser resto, não me encaro como fim, não nos vejo como conclusão e sim como uma folha nova e em branco. Quero passar contigo todos os meus dias, sejam eles quantos forem, sejam eles como forem e como vierem. Quero encarar contigo todos os meus problemas, dividir todas as minhas mágoas e somar todas as minhas alegrias, por mais que seja impossível prever quantas e quais serão elas. Quero todos os teus suspiros - e não o resto deles. Quero todo o brilho dos teus olhos, todos os sons da tua boca, todos os beijos do teu coração, todos os toques dos teus dedos, todos os desejos da tua alma. Porém jamais pretendo ser resto, ser resto da vida, ser até que a morte nos separe. Que a vida nos separe, seja durante seu curso ou como o último capítulo de um livro que nunca pretendeu ter fim, que nunca estimou ter sobras. Quero todos os teus sóis, tuas nuvens e tuas luas, quero todos os teus sonhos, todos os anseios, pesadelos e euforias; só não me venha com resto.
Fico contigo até que a vida nos separe, até que ela abandone um de nós dois com um último sopro. E, só depois que a vida nos separar, viverei o resto da vida. Aí resto, somente na expectativa da vida me abandonar para que eu possa te encontrar. Por todos os tempos - e jamais pelo resto deles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário