terça-feira, 12 de abril de 2011

a porta aberta

Deixei a porta aberta. A música está tocando, o sofá está no mesmo lugar com a mesma colcha, eu ainda uso o mesmo perfume e podes me reconhecer facilmente pelo olfato de um pouco de sede, aquele mesmo aroma que sempre guardo na boca quando vou dormir, daquele copo que nunca abandona a minha cabeceira. Deixei a porta aberta. Não demore, eu disse para levar um guarda-chuva, o tempo está se armando e as nuvens pretas vão em breve se expressar em pingos. Às seis eu tomo o meu café, por favor esteja de volta até lá para temperar as minhas torradas que não sei mais temperar sozinha. O sol sufocando por entre as nuvens reflete na janela e bate bem aqui na minha janela, não se preocupe ao encontrar as cortinas fechadas ao chegar, é só para evitar o sol que insiste em se infiltrar pela sala mais do que já faz habitualmente, pela manhã, na janela do quarto que sabes que é minha mania secreta de dormir observando as estrelas. Ainda são cinco e quinze, o tempo se arrasta nessas tardes cansativas, meu livro está aberto naquela mesma página que venho me enrolando para ler, espero que ao chegar tenhas o cuidado de marcar a página antes de tirá-lo do meu colo, não leria todo o capítulo de novo. Deixei a porta aberta. E não acredito que mais alguém entenda o que isso quer dizer.

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