segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mudanças

Mudar. Mudar nunca me pareceu a coisa certa. Comecei tentando mudar a negação que sempre inicia meus textos, apenas consegui transferi-la para a segunda frase desse. Encarava a estrada como um caminho de passagem e não um lugar para se viver, talvez por isso não gostava muito de viajar. Sair do lugar me fazia repensar e por muito tempo acreditei que repensar, reviver, recriar não fosse preciso. Me enganei.
Ontem encarei a estrada como uma parte do final de semana, um grand finale para um belo domingo. Diferente eu a olhei, diferente ela me inspírou. É necessário mudar, sair do lugar, rever as posições, abandonar o conforto, se perder nas ruas de um lugar desconhecido; fazer malas, desembalar caixas, jogar fora anos de lembranças e de roupas velhas acumuladas no armário, reorganizar a vida, pintar as paredes, arrumar a casa. É preciso chegar sem saber nada, é preciso aprender cada nome, revirar ruas e descobrir em um canto escondido um bom lugar para jantar, é preciso conhecer um novo lugar, adquirir novos referenciais, novas praças onde sentar para observar o céu. Quando o exterior muda, o interior se vê obrigado a mudar junto com ele, a abandonar a poltrona do conformismo, encarar nova paisagem, desvendar novos programas, sentimentos, cheiros, cores e sensações. O frio gelado e seco entra pela sacada e dá a sensação das bochechas rachadas, já é um começo para um novo.
Precisamos recomeçar por algum lugar. Precisamos de um onde para nos refazer, recriar, destruir tudo e modificar o que for preciso. Uma nova paisagem nada mais é do que um ótimo pretexto para mudar o que nos desagrada - não no céu, não nas praças - em nós mesmos. É um horizonte para nos reinventar, um infinito de possibilidades.

Ainda bem que fiz as malas.

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