domingo, 27 de março de 2011

Rotina

Caso algum dia eu deixe de me encantar com teus pequenos e grandes defeitos, posso te dizer com certeza que meu amor morreu. Pequenas marcas que deixas no nosso cotidiano, na nossa vida comum, naquele rastro da rotina que sempre desejamos para nós dois. Há alguns detalhes que me encantam, há sempre uma roupa esparramada pela casa, um livro entreaberto ou marcado com qualquer coisa, uma beirada da cama que não foi arrumada, um perfume fora do lugar, uma toalha pendurada em alguma das portas da casa, uma surpresa ou uma flor escondida me esperando voltar... Sempre algum sinal claro de que estamos, estivemos e em breve voltaremos para o nosso lugar. Não é a tua arrumação que me dá certezas, mas as tuas bagunças. Onde fica algo por fazer, tenho certeza que voltaremos. Onde ficar algo por fazer, terei sempre a oportunidade de te reencontrar no final do dia. A bagunça me dá a certeza de que a única organização que preciso está dentro do meu coração. O que assenta meus sentimentos é te espiar no fim da noite, dobrando vagarosamente as roupas, atirando os tênis para o lado da porta, os jornais pelo tapete, as surpresas pela mesa, as cobertas pelo chão. A bagunça ao redor me garante que amanhã será mais um dia. Mais um dos nossos dias.

A rotina é o combustível do nosso amor.

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