domingo, 13 de março de 2011

Confissões do Amor Distante

É fácil conviver com alguém. Dividir a casa, compartilhar os móveis e a vista do céu estrelado que a posição da cama proporciona. É fácil esperar para ler o jornal, recolher duas em vez de uma toalha no banheiro, assim como é fácil ter alguém para lavar dois pratos na hora do jantar. É relativamente fácil dividir uma casa e, muito mais do que dividir as contas e as tarefas, dividir os planos e os sonhos, a intimidade e dividir o sono. É quase fácil entrar em consenso nos móveis, é quase fácil ser feliz o tempo inteiro. É fácil se acostumar a encontrar uma luz acesa e um agrado ao chegar em casa, é facílimo se divertir e se deliciar com uma vida a dois.
Difícil é se acostumar com a ausência de quem se ama. Difícil é não sentir falta das roupas esparramadas, do lado da cama preenchido, do barulho logo cedo, que vai fazer falta a semana toda. Difícil é não se sentir metade, quando claramente falta outro pedaço. Difícil é entender que é só uma semana, que logo logo passa e que o amor volta pra casa, enchendo de luz a casa que fica cinza enquanto ele se vai. A nossa casa só faz sentido quando é preechida de amor. Não importa onde estivermos, nem com quem, nem como. Não importa se está pronta ou sendo lentamente construída. Não importa se já tem sala de janta ou estantes suficientes. O amor é que deve se fazer presente em todos os ambientes, em cada uma das caixas abertas, em cada dos móveis escolhidos, em cada das comidas preparadas. O amor é que faz a casa da gente ter sentido, ter ar, ter chão.
Sinto que meu coração morrerá sufocado ao longo da semana. Sufocado de saudades, sem o ar que só o amor poderá me devolver.
Esperarei ansiosa pelo final de semana e deixarei, propositalmente, as coisas esparramadas para que o amor refaça minha trilha e organize minha pequena bagunça como só ele é capaz de fazer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário