segunda-feira, 7 de março de 2011

para as paredes 006 - bailes

Como a vida é bela e como as coisas se encaixam sempre perfeitamente. Não cansarei nunca de me admirar com a beleza e com a maestria com que o mundo se guia e acaba nos guiando. Bailamos junto o baile da vida, bailamos no ritmo do universo as músicas que ele dita com os poucos passos que escolhemos e sabemos dançar. São muitas as chances, muitos os tons, as melodias, muitas as vozes que entoam os cantos e muitos os balés que dançamos vida afora - algumas vezes escolhidos por nós, muitas outras mais escolhidas pelo mundo que nos rodeia. Mas acontece que, quando nos deixamos levar pela música que a vida escolhe para cada um de nós, somos sempre surpreendidos. E (quase) sempre para melhor. Nunca poderíamos acreditar que acasos que pareciam tão desconexos se uniriam de forma tão sutil e ao mesmo tempo tão firme nas valsas e nos bailes da nossa jornada. É muito maravilhoso se deixar levar pela música. É um presente aprender a ouvir e a dançar conforme o som que toca, sem exigência de par, de iluminação, de confete e serpentina ou de banda a tocar o que desejamos bailar. É maravilhoso olhar para trás e ter a sensação aliviada da decisão acertada, de ter orgulho de cada uma das pequenas construções diárias.
Acho que nunca cansarei de me fascinar, de me pegar abobada com a perfeita condução que a vida mostra enquanto nos atira pelo salão, ora aqui, ora lá. Nunca cansarei de agradecer à vida pelos bailes inesperados que me deu e pelas felicidades imensuráveis que cada um deles me proporciona a cada dia.
Talvez seja o carnaval que me faz pensar na vida como música, como um baile. Talvez seja o batuque da avenida, o clima carnavalesco, a festa da época, ou talvez seja apenas mais um momento de estalinho. Talvez a vida me arraste mais uma vez para um ritmo que nunca soube dançar, mas ela é ao mesmo tempo tão magnífica que me oferece a oportunidade de aprender a coreografia enquanto me preparo em um cantinho do salão. Para algum dia, quem sabe, ser digna de brilhar no meio do palco, cheia de orgulho e da experiência que só as danças inesperadas podem nos trazer.

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