terça-feira, 30 de novembro de 2010

Planos

Fim do ano chegando e, para a maioria das pessoas, é essa a época de colocar o ano na balança e pensar o próximo na ponta do lápis. É em dezembro, já batendo à nossa porta, que formulamos toda aquela lista de uma ou mil coisas para começar a fazer ou deixar de fazer. São maus hábitos para se livrar, dietas para iniciar, metas a cumprir, poupanças a engordar, compras a fazer, mudanças, viagens, casamentos, filhos, livros para ler, lugares para conhecer, pratos para saborear, manequins para reduzir, etc etc etc. A única pena na listagem de todos os anos é que - além do fato óbvio que nunca cumprimos nem metade das pequenas metas que estipulamos a nós mesmos - nunca nos importamos em fazer apontamentos simples das coisas que não deixaremos de fazer. Para dois mil e onze, eu decidi fazer essa lista. Pensando bem, há muitas coisas que eu não quero deixar de fazer, muitas coisas das quais a rotina nem o cansaço podem se apoderar. Em 2011... Eu não vou deixar de entrar no chuveiro de roupas, quando der vontade. Não vou deixar de comer leite condensado na lata porque eu posso estar engordando. Não vou deixar de engordar meu guarda-roupas de personagens infantis. Não vou deixar de dançar no meio da rua, nem de cantar sozinha pela cidade. Não vou deixar de ser implicante com a minha mãe, nem vou deixar de mimar a minha irmã. Não vou deixar de comer papel. Não vou deixar de escrever as maiores bobagens que eu escrevo. Não vou deixar de ouvir muita música ruim. Não vou deixar de ouvir muita música. Não vou deixar de dar espaço aos meus pequenos acessos consumistas. Não vou deixar de olhar para o lado. Não vou deixar de sorrir para estranhos. Não vou deixar de dar doces para crianças que choram no ônibus. Não vou deixar de cuidar de algumas plantas. Não vou deixar de correr na praia com meu cachorro. Não vou deixar da minha vida de pequenas alegrias. Não vou deixar.
E se eu precisasse colocar em uma lista os meus planos para 2011, um pedacinho de folha já estaria mais do que bom.
Em 2011, serei trezentos e sessenta e cinco vezes mais eu.
Trezentos e sessenta e cinco vezes mais surtos, mais crises, mais felicidades e mais surpresas. Para o deleite e desespero do meu bem.
Trezentos e sessenta e cinco dias de olhos vendados e coração aberto.

E que venha dezembro.
Para o surto das compras de Natal.

Um comentário:

  1. Quero meus trezentos e sesssenta e cinco dias assim também: de olhos vendados.
    Mas dessa vez vou me cuidar, pisar em ovos, ter calma. Me joguei demais e meu 2010 foi a pior coisa da minha vida.
    Lindo texto, Toothy! ...o que já é de praxe por aqui ;D

    Beijos!

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