quinta-feira, 12 de agosto de 2010

cinza

preciso fazer tudo logo, logo, logo pra ver se o tempo
passa, deve ser o caio me afetando eu não sinto mais vontade de pontuação
tô me obrigando a colocar vírgulas onde não quero "virgular" talvez me
sinta assim ofegante queira dizer tudo emendado grudado colado sem sentido
nem respiração parece agora que és meu blog pessoal parece que me sinto à
vontade pra compartilhar todas as coisas que eu sinto mesmo quando falta a
respiração pros pensamentos (seria respiração mental o espaço entre um
pensamento e outro?) mas sei que contigo me sinto em casa sofá fofo chá na
mesa pés pra cima e tu aqui como se fosse meu psicólogo (respiração mental)
mesmo eu sabendo que és meu companheiro nunca em sã consciência teria a
cara de pau de dividir contigo essas coisas que tô dividindo agora
(respiração mental procuro processo respiração mental mordo a borracha abro
a bala tiro a pulseira reclamo do esmalte descascado abro página computador
lento respiração mental batuco a régua merda de computador lerdo que não
anda merda de tarde cinza que não azula nunca merda de cabelo molhado que
eu não posso prender respiração mental não posso falar tanto palavrão assim)
sinto sua falta sem ponto nem vírgula nem nada que separe todas as razões
de só querer estar contigo nessa tarde cinza nesse dia frio nesse cais
vazio nessas nossas tantas razões de querer e de gostar e de valorizar que
eu já perco tudo perco a vírgula perco o ponto perco o trilho o caminho a
vontade e escrevo já e que vá pro raio que o parta se reclamarem que estou
escrevendo respiração mental não devo mandar todos ao raio que os parta ia
ficar feio eu gosto daqui gosto do sol na cabeça do cais brilhando atrás de
mim de ver teu sorriso às seis quando me esperas descer as escadas do
antigo prédio amarelo quando trazes balas ou quando eu escrevo mil bilhetes
que nunca te entreguei talvez porque sejam tão sem sentido que eu teria
vergonha que tu os abrisse ainda mais na minha frente respiração mental
porque tens a mania de abrir meus bilhetes na minha frente aí fico roxa
azul e já não me aguento mais de tanta vergonha acho tudo que escrevo bobo
feio estúpido estúpido sem sentido como tudo o que escrevo agora e não sei
porque clicarei naquele botão que diz "send" ali em cima e te enviarei
todas as minhas loucuras respiração mental talvez minha cabeça não esteja
mais pensando e sim só os meus dedos digitando e vejo carro placa carro
placa computador flor mesa café maçã mulheres trabalho trabalho papel
processo processo óculos uma mancha de dedo nos meus óculos só não vejo a
ti procuro em todos os lados e tu és a única coisa que não encontro nem na
mesa nas cadeiras nas plantas nas estantes nos livros na carteira nos
processos nos papéis nos colegas nos monitores nas maçãs nem nos cafés só
te vejo aqui e isso merece um ponto pra separar de todas as outras
maluquices porque talvez seja a única coisa mais sã que possa aparecer
entre tantas as bobagens que estou escrevendo e dizendo que bobagem mas que
mesmo assim vou enviar de qualquer jeito. só te encontro em mim. 

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