segunda-feira, 9 de agosto de 2010

15 minutos

As tardes estão cada vez mais corridas. A vida passa bem debaixo do meu nariz e mal tenho tempo de senti-la passar por mim, não tenho tempo de sentar e observar o sol descer, nem nascer, nem brilhar. Minha frase favorita - ou, se não favorita, ao menos a mais utilizada - tem sido "NÃO TENHO TEMPO". Não tenho tempo de dar um longo abraço em quem eu amo ao me despedir, nem de me perder na cama por mais quinze minutos ao acordar, nem de me pegar lendo um livro no meio de uma tarde de sol na beira do cais. Não tenho tempo, corro de um lado para o outro sem tem a mínima ideia de onde quero chegar. E, quanto mais corro, mais me sinto perdida. Menos vejo sentido em todos esses papéis, em toda a burocracia, rituais e pequenos sacrifícios a que me submeto. Porque se a vida é feita de pequenas delícias, pequienos prazeres, tenho morrido sozinha nos meus pequenos sacrifícios. É o tempo que me falta para o abraço, para o beijo, para dizer eu te amo, para dizer eu sinto sua falta. Falta da minha casa, dos meus livros, de andar de pijama, da minha amiga com quem eu ando tão relaxada. Ela é o que mais me dói em toda a correria, é a parte que mais me machuca de toda essa vida passando assim. É dela que eu sinto falta quando viro as costas à essa montanha de papéis inúteis e que não me trazem nenhuma felicidade. É dela que eu sinto falta, quando viro as costas e vejo, logo atrás de mim, o cais a brilhar e as lembranças nossas que ele traz, suaves como a brisa e devastadores como o mar.

E volto ao trabalho.

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