segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Monday, monday

Tem dias que bate uma saudade gostosa, não chega a ser aquela deprimente e sufocante, não chega a ser uma saudade que massacra mas é aquela que faz criar asinhas no peito e mais asinhas ainda nos pés. Nesses dias, eu viro as costas para o trabalho e encaro por alguns minutinhos a rua e finalmente consigo ver um sorriso estampado na cara, tenho vontade de sair daqui e fugir do caminho do ônibus da aula e da responsabilidade - essa última que nunca foi o meu forte -, fugir do caminho do sempre e sentar feliz para tomar um sorvete na beira do cais, o sorvete que eu tanto queria hoje não por estar muito calor nem eu por muita vontade do sabor geladinho e doce, muito mais pelo sabor refrescante que o sorvete me traz de uma liberdade ainda que temporária e fugitiva e imediata; tem dias que eu sinto uma pequena vontade de bombardear minhas fraquezas de trabalho e estudos e a insegurança e a frustração e a acomodação que me incomodam tanto pelas escolhas não tão acertadas que fiz nesse sentido, e essa vontade se transforma numa vontade de sair por aí de pés descalços, de abandonar vez por todas o protocolo que tenho que seguir e perder meu tempo por aí, olhando o mar, lendo os meus livros e quem sabe pintando um quadro ou aprendendo música... pois nesses dias a frustração bate mansinha, feito a água da lagoa que beija o cais logo aqui em frente mas que mal tenho tempo de olhar, e sinto a vontade mais intensa ainda de me entregar à poesia ou à dança ou quem sabe somente me entregar à vida, quem sabe alguma vez tomar as rédeas daquilo que desejo fazer e me encontrar em algum cantinho meio escondido, meio escurecido, algum cantinho não importa onde, mas um canto onde eu possa ter um pouco mais de certeza de me ver contente e sorrindo, de frente pro mar, com o meu tão sonhado troféu gelado na mão.

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