sábado, 23 de janeiro de 2010

Ou Isto ou Aquilo



Desde pequenos, aprendemos a escolher. Ou isto ou aquilo, já dizia Cecília Meireles. Somos obrigados a traçar metas, prioridades, a ter preferências, porque fica impossível segurar todo o mundo com apenas dois braços. Temos que escolher apenas uma faculdade, apenas uma profissão, apenas um namorado, e assim acabamos escolhendo apenas um melhor amigo, uma cor e comida favoritos. E o que não escolhemos foge pra sempre das nossas mãos. É o que os adultos chamam de escolhas, é o que os adultos mandam fazer até quando a questão é "bolachinha ou saldaginho". Algumas vezes, entretanto, parece que o mundo nos faz querer fugir de nossas próprias escolhas. É o desejo de mais de uma profissão, é a certeza de mais de uma área de interesse e do desejo de cursar cinco e não apenas uma faculdade. É uma vontade de mudar, de sacudir. Meu problema não são as minhas escolhas, e sim a péssima convivência com a frustração pelas coisas que eu 'perdi'. Entre dois caminhos, dá vontade de trilhar pelo meio do mato, entre os dois, um meio termo, um atalho, uma terceira opção; entre dois caminhos dá vontade de sentar e esperar que algum dos dois se feche.

É um saco crescer. É um saco encarar as coisas que não nos pertencem porque as deixamos por outras.
É um saco repensar nas decisões e não ter certeza de que elas foram acertadas.
Mas o saco mesmo é ter que escolher.
Eu vou é ficar sentada chorando no carrinho do supermercado, até que minha mãe se convença a me dar a bolachinha E o salgadinho. Vou ficar sentada no meio da estrada até que me puxem pelo caminho, assim não serei mais obrigada a me incomodar pelas minhas decisões e vou ter o consolo de dizer que 'eu fui obrigada a vir por aqui'. Vou ficar, vou empacar mais uma vez. Daqui não saio, daqui ninguém me tira. Ou melhor, tira. Mas só se for do meu jeito. E até lá, sem conversa.



"Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo, ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinque, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo."
(Cecília Meireles) 

Um comentário:

  1. tu tá tão enigmática quanto ela hehehe
    o que seria de nos sem o livre arbitrio? é aí que está o valor das conquistas, das batalhas e também das perdas, para que acertemos da próxima com mais sabedoria. pq seria bom alguém nos dizer o que fazer? :) "sem garantias" é o lema da vida.

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