quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Toda Noite de Insônia

Todas as noites, na hora de dormir, eu consigo sempre pensar em algo pra escrever. Eu consigo me obrigar a pensar em ti todas as noites, na hora de deitar, como meu último raciocínio consciente ou talvez como o primeiro dos sonhos que eu jamais consigo lembrar que tive. Desses pensamentos se desdobram histórias, contos, fábulas, invenções. Eu consigo me lembrar de mim quando me obrigo a me lembrar de ti. Já não sei se algum dia houve um tu ou só o que houve foi um eu numa outra (mesma) pessoa. Me transformei em segunda pessoa, mas continuei sempre singular. Nunca formei plural com esses pensamentos, esses sonhos, essas ideias absurdas e as lembranças que já não sei distinguir se são reais ou apenas invenção de uma repetição interminável de cenas e fatos e palavras inexistentes; nunca formei nós daquele eu e tu que, francamente, não existiu. Ponho pela milésima vez aquela mesma música que eu ouço sempre que dou de cara com essa caixinha para escrever - e saberias perfeitamente qual a seguinte se pudesses ouvir. Vou no show do Roberto Carlos, sabia? E vou lembrar de ti se ele tocar Outra Vez. Vou lembrar de ti porque tu és nada mais do que uma parte indissolúvel de mim, uma segunda pessoa que carrego aqui dentro e que pode parecer a quem leia se tratar de um ou outro alguém, mas que não passa de uma dedicatória a mim mesma. 

Me dou conta, finalmente, que o tu não tem outro nome senão o meu; que o tu nunca passou de um eu. Um eu fora de mim.

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