quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Flor de manjericão

Acumulei em diversos rascunhos todas as frases de efeito que poderia usar um dia para te escrever. Rabiscados à mão ou digitados na tela, encaro todas as sentenças que já não nos chamam mais. Por que insisto em te evocar? Rompi com minhas próprias regras ao permitir que te enraizasse naquelas músicas tão lindas e longas. Não consegui manter as barreiras de te fazer ser música sem significado algum e que jamais fosse sentir a necessidade de tocar novamente. Hoje elas tocam. São uma fila de músicas que somam mais de muitas horas, que foram ouvidas durante o breve sequestro que ainda relatarei um dia, que marcaram todas as despedidas que já tentamos ter, embora ainda não consiga entender como um abraço possa durar os sete minutos de uma música quase sem fim. Escrevo textos desconexos, frases sem liga, dramas sem sujeito... Todos vazios de não te precisar mais. Ainda me pego pensando o porquê de insistir nesses chamados sem retorno, nas ligações que não faço, nas revistas que compro e endereço erradas propositalmente, para que nunca cheguem às tuas mãos. Ainda me pergunto qual parte de mim não pode morrer quando te deixo à deriva e te abandono aos porões do meu pensamento e te ressuscito para sacudir, odiar e relegar mais uma vez. Ainda me pergunto porque lês minhas angústias com ar de observador, forçadas na ausência de um drama real com que me preocupar. Pergunto-me quanto de massagem no teu grande ego as minhas palavras perdidas podem oferecer. E volto ao fim reticente, ao início que não sei mais onde fica, às esquinas e músicas de sempre. Volto pra te ver passar. Volto pra não esquecer como foi me amar.

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