sexta-feira, 22 de julho de 2011

Aos amores

Todo mundo sabe como o amor começa.

O amor começa com um olhar, um beijo, um cheiro. Começa com a cumplicidade, com os dedos entrelaçados, as juras de amor eterno e as noites intermináveis sob um céu cravejado de estrelas. Todo mundo sabe como o amor começa e como o amor acaba, mas poucas pessoas conseguem descobrir como o amor se mantém.
O amor se mantém com as bolachas amanteigadas, se prolonga no sabor da geleia de frutas espalhada sobre as torradas, engrandece com o encaixe dos corações estampados nas xícaras, se multiplica na espuma que se avoluma sobre a louça da cozinha. O amor se alimenta do rastro da bagunça que ela deixou, dos cabelos perdidos nos azulejos do banheiro, das flores que ele embrulha pela casa, das manias que ela compartilha em silêncio.
O amor começa com dois e se prolonga com três. Cresce infinitamente com uma pele rosada e minúsculos pés que se cruzam de felicidade. O amor se materializa com um choro fino e um cheiro doce, um par de olhos brilhantes e bochechas gordinhas - e amarelas. E é nesse ponto, entre biscoitos e canecas, entre móveis e paredes, entre sonhos e realidade, que o amor toma sua real forma e se torna verdadeiramente infinito (e deliciosamente mais bonito).


Originalmente rabiscado no primeiro pedaço de papel que encontrei pela frente.

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