O Perfume que Estonteia

O quanto o amor é vaidoso? Se o conteúdo fosse de sublime importância e de bom grado, a forma faria diferença em sua magnitude? Vejamos, escolhemos um livro pelo poder de um discurso bem escrito e por uma história fascinante ou pela capa que nos é apresentada?
Desde a nossa existência como seres racionais, o belo é valorizado, cultuado, prestigiado. Gostamos de satisfazer aos nossos olhos, ao nosso ego humano e me desculpem, mesquinho. Quando nos tornamos escravos da beleza, nos alienamos, acabando por esquecermos do principal: o que a história tem a nos contar.
Ah! Como seria bom se fossemos um pouco mais evoluídos e então a forma não teria valor algum diante de nossas íris. Pudera eu escolher a flor possuidora do mais estontiante perfume e, propositalmente, a menos vistosa. Dessa forma, os outros olhos não seriam chamados pela atenção que ela provocaria, porém eu, sim, estaria tonta ao respirar fundo. E ironicamente, ela seria a flor mais bela do meu jardim. Ela seria a flor que nasceria do chão de pedra que nunca ninguém mais pisou. O meu coração.
Bom, depois de toda essa filosofia em busca das causas humanas de adorarmos o belo, fica a lição de que isso talvez não seja o suficiente e muito menos o essencial para o amor. Tem-se adjetivos dos quais nos orgulharíamos e, até mesmo, valorizaríamos mais que os da beleza exterior, estes fariam parte da beleza interior: do caráter, da moral. São componentes mais valiosos, que despertam muito mais minha admirãção que um par de olhos azuis. Há quem diga que venha do sangue, mas eu... ah! Eu acredito que venha da alma.