Hoje eu decidi o que quero ser da vida. Vou virar astronauta. Quero viver flutuando, sem o peso das coisas, inclusive da gravidade, que nos puxa para baixo, tenta nos conter, nos segurar e muitas vezes nos amedronta. Quero poder saltar sem me preocupar com o tamanho do tombo. Quero viver dando cambalhotas no ar, saltando sem medo e a distâncias enormes. Cansei de dar um pulinho de cada vez. Quero passos gigantescos, quero realmente flutuar. Não me importo de comer uma comida que parece pasta de dente no tubinho, desde que eu esteja mais próxima do Sol e da Lua, e se minha sorte me permitir, de seres mais evoluídos que a maioria da população humana, que parece se orgulhar de ser mesquinha e egoísta.
Não me importo de ter que usar roupas enormes e pesadas. Viver no vácuo, que aprendi nas aulas de Física que é o meio onde não se propaga o som, seria a maior felicidade do mundo. Viver com os meus pensamentos e com aquela cumbuca de vidro na cabeça, só por segurança, pra ter certeza de que não ouviria muita bobagem que toda essa gente desse planeta fala. Gente que só fala, por sinal.
Viveria feliz, mesmo com um tanque de oxigênio nas costas. Viveria mais perto das estrelas e de todo infinito. Lá de cima, só enxergaria o que a Terra tem de mais belo. Enxergaria tudo azul, com o Sol bem na frente. Enxergaria outras galáxias. E, finalmente, encontraria a paz que ninguém nesse mundo consegue ter.
"Eu vou pra longe, onde não exista gravidade
Pra me livrar do peso da responsabilidade
De viver nesse planeta doente
E ter que achar a cura da cabeça e do coração da gente
Chega de loucura, chega de tortura
Talvez aí no espaço eu ache alguma criatura inteligente
Aqui tem muita gente, mas eu só encontro solidão
Ódio, mentira, ambição
Estrela por aí é o que não falta, astronauta
A Terra é um planeta em extinção..."
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