Sou um bicho desconfiado, muito, absurdamente desconfiado. Pra mim todo mundo é ruim até que se prove o contrário. Prefiro pedir desculpas e dizer que eu estava enganada do que acabar descobrindo que todo mundo me enganava. Meus amigos são sempre os mesmos. São poucas as pessoas que entram na minha vida, até porque eu muito pouco permito que elas entrem e se instalem. Isso deve ser até mania de perseguição, sei lá. Mas o que me apavora é que, quando eu resolvo dar um voto de confiança, eu sempre me arrependo.
Não sei mais, sinceramente, o que esperar das pessoas. Eu era tão boa em ler o que os outros pensam... O que será que foi feito do meu 'dom'? Não sei mais entender ninguém. Não entendo mais nem a mim mesma. Algumas pessoas ganham minha simpatia e, em seguida, se mostram o contrário de tudo o que pareciam e inclusive daquilo que pregavam. Vejo fiéis traindo, sinceros mentindo e os que se mostram encantados sendo, na verdade, os infectados pela síndrome de Don Juan. Conquistar todas, todas, sem nenhuma pretensão de futuro; apenas para aumentar o número de corações guardados na estante.
E cada dia mais me decepciono. Eu já não sou mais quem era antes. Minha alegria se foi. Acredite se quiser, um dia eu já fui simpática. Já fui querida pelos colegas. Alguma coisa no caminho se perdeu. Cansei de tanta gente que cativa e sem mais nem menos vira as costas, de gente que magoa e não tá nem aí. Hoje em dia eu prefiro viver assim, meu castelinho, meus brinquedinhos, meus amiguinhos. E quem estiver pelo lado de fora dos meus domínios, que fique lá. Abro a guarda quando me importo, ofereço os portões da minha fortaleza. E cada vez que eu me importo, me frustro. E cada vez que me frustro, me fecho. Estou aqui, trancada, meia dúzia de amigos e nenhuma expectativa de mais algum. Estou aqui, fechada. E será mesmo que eu ainda estou aqui? Porque eu não me reconheço mais, de verdade.
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