Quando eu penso que estou fazendo as coisas certas, talvez pela primeira vez, vem algo e destrói as minhas certezas. Não adianta, eu meto os pés pelas mãos. Sempre. Emendo fins em inícios, colo tudo o que consigo e o que não dá certo eu enfio numa gaveta e finjo que não existe. Não deixo meu coração se curar. Ele está sempre surrado, por mais que eu esteja feliz, algo lá dentro incomoda. Eu não dou tempo ao tempo, eu não sei dar tempo, não sei agir com calma, não sei deixar pra depois. Droga.
Meus sentimentos nunca perdem a voz naturalmente. Eu não tenho paciência para esperar que eles se calem, então quando começam a incomodar, eu os amordaço e atiro num canto qualquer do meu coração. Penso que o problema é deles. Mas não é nada, o problema é meu. Ouço músicas e lembro de quem eu não deveria lembrar, meu coração dói como não deveria doer, as lembranças voltam do lugar de onde nunca deveriam ter saído. Isso me atordoa e faz questionar a felicidade que eu sinto. Estou feliz? Certamente. Mas me pergunto se alguma hora esses sentimentos guardados não vão voltar. E todos junto, como uma maré que sobe e retoma da areia todas as conchas que lhe foram roubadas.
Eu não sei o que fazer, parece que estou perdida em mim mesma. Se não é amor, se não é saudade, o que é, porra? Eu não sei. Mãos e pés atados, agora é o meu coração quem me amordaça e faz refém de todas as coisas que eu mesma coloquei lá dentro. Vai ver ele quer me mostrar que não há mais espaço, museu lotado, fechem as portas. Eu preciso me organizar. Limpar as estantes, tirar a poeira e jogar muita coisa fora. As que eu escondo até de mim mesma, porque não tenho coragem de eliminar. E eu devo, definitivamente, estar ficando louca.
"You're bout to wreck your future
Running from your past
You need to slow down, baby..."
a pior mentira é a que contamos pra nós mesmos, os piores fantasmas são feitos de memórias.
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