É incrível como podemos fingir pra nós mesmos por tanto tempo. Reconhecemos no fundo aqueles sinais que indicam os verdaeiros sentimentos, porém o mais fácil é continuar seguindo e não enfrentar o medo, a mudança, a insegurança. É mais cômodo. Para Tom foi realmente muito mais confortável viver trinta anos saindo com todas as mulheres que quisesse e tendo Hanna ao seu lado como melhor amiga. Ele precisou que a vida lhe provasse o sabor do ciúmes e da perda para que ele notasse o quanto, na verdade, amava Hanna. Não parece meio ilógico? Como, se ele gostava dela, a via como amiga? E mais, como podia ficar com quem bem entendesse e colocasse Hanna para o escanteio?
É mais lógico quando pensamos que ele tinha uma insegurança enorme, portanto, ao "pegar" todas as mulheres da cidade, se sentiria mais forte, mais capaz. E Hanna era muito especial para ele, assim, Tom não poderia ter a mínima chance de perdê-la. Era melhor mantê-la lá, no porta retrato da estante como sua melhor amiga, do que tirá-la por qualquer motivo que não tivesse dado certo na hipotética história romântica.
O mais incrível disso tudo é que no fundo ele sempre soube que a amava. Simples, ele preferia passar a maior parte de seu tempo com ela e isso era insubstituível. Nenhum amigo poderia ser sequer comparado com ela. Ela era única, perfeita, inatingível. Ele não vivia sem ela, nem um dia. O que mais isso podia significar?
Eu tirei lições dessa bela história. Não adianta, não podemos manipular as ações dos outros e às vezes, nem as nossas. Por mais que tentemos, existem profundezas e abismos dentro de nós mesmos que desconhecemos, não conseguimos nos desvencilharmos do absoluto pavor de enfrentá-los. A hora certa se existir, virá. E não importa quão tarde essa hora seja, ela revelerá tudo que havia escondido no interior dos nossos sentimentos e memórias. Nenhum intervalo de tempo importará. Ao contrário, servirá para vermos o quanto aquele momento é precioso e que a vida é valiosa demais para desperdiçarmos mais um minuto separados.
Esperar a vida inteira para estarmos com alguém que realmente amamos e nos faz intensamente bem, não tem preço. No final, não importa. A felicidade é tamanha que tudo parece ter se reduzido a um dia somente e o tempo perdido construiu o que há de sólido em nossas personalidades. O preço, na verdade, é o tempo que precisamos para amadurecer e enxergar o que nos faz realmente feliz. A mentira melhor contada e a mais difícil de ser descoberta é aquela que dizemos para nós mesmos.
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