quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ups! Alguém levou primeiro!


É preciso deixar ir. Sim, com a força do vento e do tempo. Somos "Felícias", esmagando nossos desejos e sem querer, acabamos por perdê-los. Somos sufocantes. Melhor perder somente esta postura. Compreendendo que ninguém pertence a ninguém, ficaremos em paz, leves e abertos para o que acontece a nossa volta. É preciso aceitar que somos movidos por paixões e planos. Por emoções, rotina e arbitrariedades. Mas não se iluda, você não pode controlar tudo que acontece. Somente suas ações, quando estas não são muitas vezes tomadas pelo chefe substituto "coração" quando a razão vai tirar férias no Hawaii. E convenhamos, ele deveria ser o diretor na nossa empresa, não acha? Deixe livre, deixe só, deixe a si mesmo. Contemple a incerteza, a liberdade e a magia de não saber realmente se o amanhã trará alguém que te fará ainda mais feliz. Nada é em vão e nem tudo está perdido. Está na hora de soltar a mão do guidon, de ir até onde não dá pé, de arriscar falar mais alto. Ou melhor, reivindique, brigue, escandalize. Não se submeta nem seja comedido.

Está na hora de esquecer. De aproveitar, na forma mais intensa que essa palavra pode representar. Está na hora de guardar no baú tudo que faz mal. Fazer de conta que é Reveillon não pode ser de todo mal, certo? Então, jogue fora tudo que encomoda, que traz lembranças que machucam, ainda que a indiferença seja a melhor alternativa, ela está longe, então jogue com os caminhos que levam à ausência. Ausência: palavra poderosa. Nos faz muitas vezes nos desvencilharmos, amiga do tempo ela transforma até mesmo sentimentos e as memórias, antes tão coloridas, vão ficando amareladas até parecerem com as fotos do casamento de seus tataravós. Sim, nada é impossível. Tudo é uma questão de amadurecimento do que queremos, do que não devemos, do que não temos e do que queremos conquistar. O que você quer? Aonde foi que perdeu o rumo? Volta lá. Pega, com unhas e dentes, não deixe escapar. Você não sabe o quanto o arrependimento do que não fizemos pode nos causar dor.

Páre de sofrer por aquilo que já nem é seu mais. Por algo que não tem. Preocupe-se com o que lhe pertence. Vamos supor que você se encontra numa loja e justo aquele vaso que mais gostou não tem mais pra vender, pois alguém o admirava também, ao seu lado, só que foi mais rápido, "meteu a mão" e lá se foi! Você sai da loja triste, vai pra casa e pensa, "puxa, se eu tivesse chegado um minuto mais cedo!" Volta tudo. Você está na loja, o vaso que mais gostou está lá. Você nota que a moça ao seu lado está admirando também a divina obra de artesanato. Você reflete e quando finalmente decide, ''voilá'', ela está indo em direção ao caixa, feliz da vida. Você, então, decide olhar as outras coisas da loja e rapidamente resolve levar um porta-retrato maravilhoso! E pensa,"o que eu queria mesmo fazer com um vaso de porcelana? Desastrada do jeito que sou, ia durar um dia lá em casa!" Sai da loja satisfeita, porque, fotos, sim, nunca faltarão para alegrar a sala de estar. Você se apaixonou por duas coisas diferentes em menos de dez minutos. Bem melhor do que se apaixonar por um, quebrar a cara, e ainda chorar por ter sido trocada. Pensa, se hesitou tanto, é porque não tinha certeza. Outra que estava certa do que queria, levou o embrulho com papel crepon. Ela merecia mais do que você. Já o porta-retrato, ah! Esse sortudo! Você acertou em cheio. Foi paixão a primeira vista. Tudo a ver com você. Muito útil, colorido, requintado e elegante. Do jeito que você queria. E ainda não tem perigo de quebrar, é durável. Vai ficar na sua casa por muito tempo. Talvez até o coloque em uma das milhares de caixas que levará quando se mudar de moradia, de bairro ou cidade. A gente nunca sabe quando um belo porta-retrato na estante fará toda a diferença, sabe-se lá os momentos que ele guardará e apresentará para os convidados. Ou simplesmente ilustrará suas noites, para que você fique contemplando e sonhando, antes de dormir. Ah! Momentos que viram memória e desses, minha amiga, você não vai querer esquecer.



Hoje os ventos do destino
Começaram a soprar
Nosso tempo de menino
Foi ficando para trás
Com a força de um moinho
Que trabalha devagar
Vai buscar o teu caminho
Nunca olha para trás
[...]
Hoje o céu está pesado
Vem chegando temporal
Nuvens negras do passado
Delirante flor do mal
Cometemos o pecado
De não saber perdoar
Sempre olhando para o mesmo lado
Feito estátuas de sal
Hoje o tempo escorre dos dedos da nossa mão
Ele não devolve o tempo perdido em vão
É um mensageiro das almas dos que virão ao mundo
Depois de nós.

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