No começo da espécia humana, o homem não estava contente em ser o que era. Portanto, reuniu os animais da selva para que lhe ajudassem com suas insatisfações. O homem dizia que se sentia inferior, sem grandes poderes, sem grandes bençãos divinas. Então, pediu velocidade. A onça, muito veloz, deu sua velocidade ao homem. Ele se sentiu poderoso, no princípio. Corria mais rapidamente, se movimentava mais rapidamente, assim, era melhor em várias aventuras, caçadas, lutas. Era inimaginável o que não poderia alcançar com toda aquela velocidade. Mas um dia, viu que não era o suficiente, então, queria força, dessa vez, foi o gorila que lhe deu força para caçar, lutar e sobreviver. O homem usou aquele presente para caçar, ter mais resistência para correr, escalar, atravessas rios. Mas uma hora, não era mais tão prazeroso. Precisava ser mais hábil, mais cuidadoso, mais silencioso. A cobra, singela e sinistra, lhe deu mais este poder. O homem ainda achava que faltava alguma coisa, então pediu ser mais ágil, para poder se desvencilhar melhor dos perigos. A lebre, lhe deu este presente. O homem agora se julgava invencível. Podia competir de igual para igual com muitos predadores. Era mais veloz, mais forte, mais ágil e silencioso. No início era como o paraíso. Eles se sentiam orgulhosos, vaidosos pelas tantas qualidades que obtiveram nos últimos tempos. Presentes abençoados dos animais da selva. Ainda não sabiam ao certo porque eles teriam feito isso, sem pedir nada em troca. O homem não sabia que o coração dos animais era puro. O homem sofria antes por se julgar inferior, incapaz. Os animais acharam que dando o que o homem queria, ele ia ficar satisfeito e realizado. Ia conhecer a paz que eles conheciam. O sentimento de se sentir valorizado, útil e feliz. Mas foi tudo uma grande ilusão. A natureza deu ao homem tudo que ele pedira. E ele queria mais, sempre mais. Até que pediu o governo da selva, o lugar do pódio, o trono do rei. O leão, rei da selva, refletiu durante dias, semanas, até que veio ao homem e lhe comunicou que daria mais esse poder. Que lhe deixaria tomar conta da selva e de tudo que pertencesse a ela. O homem deveria organizar, cuidar e protegê-la, mantendo o equilíbrio de todas as plantas, de todos os animais, do ar, da terra e da água. O homem, não podendo conter seu entusiasmo dentro de si, mal conseguiu agradecer, comemorando aos pulos e gargalhadas ele havia enfim triunfado. Era o rei, o dono das matas, dos animais. O ser mais capaz e mais inteligente para administrar a selva.
Se passaram alguns anos para que o homem não se sentisse mais tão realizado e feliz com a posição que havia assumido. De repente, a vida teria se tornado monótona, sem graça demais para ele. Não havia mais nada a pedir aos animais, eles já o haviam dado tudo que tinham para dar. A natureza estava parcialmente destruída, com certos danos remarcáveis, as coisas não eram mais como antigamente. O desequilíbrio da selva era notável e com potencialmente destrutivo. Tudo isso causado pelo desinteresse do homem e pela sua ganância, vaidade, egoísmo. Ele usara de suas habilidades para escravizar outros homens, para encurralar animais, até mesmo extinguir espécies e matar os de sua mesma. No lugar da esperança e da calma do vede, veio a solidão e a melancolia do cinza. Novos valores tomaram conta dos pensamentos do bicho homem. Novas formas de constituir tribos. Maiores e incrivelmente mais independentes e individualistas. A troca se deu por moedas e papéis. As coroas eram de ouro, o mesmo ouro que alguém sofria para buscar. Exploração, pobreza, desigualdade. Dor, tristeza, frustração.
Então o Leão, pensou no que ele teria feito! Teria dado a sua selva tão amada querida para um animal que só pensava em seu bem estar, ferindo aos outros, desiquilibrando o sistema essencial e natural das coisas. Mágoas, abandono, destruição. Isso não fazia parte de seu reino. Onde estara com a cabeça quando dera o trono para uma espécie tão inferior? Tão mesquinha e pretenciosa? Tão julgavelmente insana e lunática? Uns se julgam melhores, enganados pela vaidade que corrompe e corrói os coraçãos sinceros e puros. Por que cometi tamanha atrocidade com meus amados companheiros? Então, ele permaneceu em silêncio. Na verdade, um leve sorriso brilhou em seus olhos dourados. O homem precisava subir para cair e quando estivesse lá embaixo, a bera da ruína, do fracasso total, do abandono, ia dar razão as coisas essenciais que triufavam antigamente na selva: o bem e tudo que vem com ele. A paz, a união, a cordialidade, a compaixão, o companheirismo, a amizade, o amor. O leão ficou satisfeito, tinha cumprido seu papel de rei da selva. Ele havia salvado o homem, ironicamente, salvo por ele próprio.
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