segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Who's gonna drive you home tonight?


Hoje, um momento mágico: minha mãe, o tempo, a trilha sonora.

Estava no meu quarto, deitada na cama, olhando pro céu e pensando nas coisas que passaram por mim. De repente, é como se um filme tivesse passado na minha cabeça. Fiquei até com medo de morrer depois, eles dizem que é isso que acontece segundos antes de ir pro andar de cima, não é? Deixando as brincadeiras de lado, eu realmente nunca tive uma sensação tão forte de passado como nesta manhã. Não sei se foi a música, não sei se foi o azul, a minha cama macia, mas as lembranças tomaram conta de mim e de um jeito fascinantemente rápido! Tanta coisa aconteceu em 18 anos. Mudei tantas vezes de lugar, até mesmo de país, foram 3 diferentes. Mudei tantas vezes de 'estado civil', de colégio, de companhias. De ideologias, atividades, gostos, manias, radicalismos. Mudei milhares de vezes de cabeça, já arranquei meu coração, ja resgatei, já me fiz em mil pedaços, como dizia Renato Russo, já cresci, já caí, já passei por maus bocados. Aprendi valores com tudo que sofri, amadureci mais do que se tivesse ficado parada em um mesmo lugar, mas aí não seria eu.

E de repente me vi ali. Me observei deitada em minha cama bagunçada, com um baú de lembranças. Em dez minutos eu tinha aula de biologia. Pensei na rota que estou traçando, no caminho que escolhi. E quase saí da minha melancolia para cair na vida real quando minha mãe entra no meu quarto, com os olhos brilhantes: "filha, escuta essa música." Eu sorri. Ela disse: "Eu tinha dezesseis anos. Eu estava no Rio quando ela foi lançada. Faz tanto tempo." Ela não precisava dizer a frase que viria a seguir, eu senti no meu interior mais profundo o quanto aquela trilha sonora um dia já fez parte da vida dela. Fiquei imaginando quais momentos ela teria servido para embalar suas mais fortes emoções. Um beijo, um abraço, uma despedida, um pensamento em alguém distante, um futuro incerto, amores.

A música é minha trilha de hoje. Vinte e cinco anos depois, a cena se repete. Eu estava ali adormecidamente acordada sonhando com a música. Eu estava completamente embebecida de saudade, de ansiedade, de esperança. Um passado bonito e um futuro incerto. E a mesma sonoridade me convidando para dançar junto.

Minha mãe também mergulhou em suas lembranças. Certamente, histórias retomaram vida em sua mente, por dois minutos. Como as minhas o fizeram instantess antes dela abrir a porta. Não vou esquecer seu olhar. Pude sentir sua saudade em mim. Pude sentir sua juventude. Sua energia. Aquela menina ainda existe dentro da mãe que tomou lugar. E nunca morrerá. Ela finalizou "Que saudade!"

Filmes diferentes, a mesma bela trilha.


"Who's gonna tell you when,
It's too late,
Who's gonna tell you things aren't so great.
You cant go on, thinkin'
Nothings' wrong, but bye,
Who's gonna drive you home, tonight.?
Who's gonna pick you up,
When You fall?
Who's gonna hang it up,
When you call?
Who's gonna pay attention,
To your dreams?
And who's gonna plug their ears,
When you scream?
Who's gonna hold you down,
When you shake?
Who's gonna come around,
When you break?
You can't go on, thinkin',
Nothin's wrong, but bye,
Who's gonna drive you home, tonight?"

The Cars - 1984

2 comentários:

  1. Ai que fofo, imagina a cara da tia
    uhaiuhaiuhaiuhauhaiuahauhiaauh
    nhááá, minha nega...se dá demais
    p.s to baixando a música ;P
    hahaiuhaiuhauhaiuahuahiauh
    beeeijo

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  2. Sou muito feliz por te ter, por seres minha filha e por conviveres comigo todos os dias. Sou muito abençoada por fazeres parte dos meus dias. Sou tua admiradora, fã, tens o dom de expressar o teu sentimento por meio das palavras, mas o mais significativo é que tens uma sensibilidade surpreendente. Só tenho que agradecer a homenagem, o carinho e a tua percepção. Muito obrigada minha filha linda. Te amo, tua mãe!

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