terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pra Você Eu Digo Sim!

Nunca pensei em casamento. Na verdade, nunca fui a um casamento. Sempre fui daquelas que tinha certeza de nunca encontrar alguém para passar a vida toda junto, sempre fui inconstante, sempre "da pá virada". Nunca sonhei com véu e grinalda, nem pensei nos nomes dos padrinhos e dos meus filhos, muito menos na vasta lista de parentes e no salão imenso que teria que arranjar para abrigar minha família toda numa ocasião especial. Nunca sonhei em ter uma casa de praia pra envelhecer com o amor da minha vida, nem em encontrar travessas inox Tramontina como meus presentes de casamento.
Sempre quis independência. Sempre gostei de companhia, mas não o tempo todo. Dormir junto é bom, mas se esparramar sozinho na cama é muuuito melhor. Sempre gostei de carinho, sempre fui romântica, e acho que por isso tenho essa coisa com o casamento. Se já não é fácil segurar na boa um namoro onde os dois dormem juntos no final de semana, imagina com o maridão deixando cueca no chão do banheiro e babando na minha fronha favorita, até que a morte nos separe? Ah, por favor!


Maaaaas, como papai do céu castiga as radicalistas que desejam acabar com essa instituição 'sagrada' e o dinheirinho que o pobre padre arrecada celebrando essas cerimônias lindinhas, eu fui punida. E exemplarmente, convenhamos. Papai do céu me fez sentir aquilo que provavelmente esses seres "casantes" sentem quando decidem juntar as escovas de dentes perante Deus e o padre do dinheirinho. Senti, pela primeira vez, que poderia passar o resto da minha vida com uma só pessoa. Com ele, eu dividiria uma cama todos os dias. Pode ser de casal ou de solteiro, se for de solteiro é ainda melhor porque aí tu coloca a perna por cima de mim. Pode babar na minha fronha favorita, ou em qualquer outra fronha, pode até babar em mim. Pode roncar no meu ouvido. Ganharia travessas inox Tramontina e ainda me esforçaria na cozinha para depois colocar a comida nelas. Deixaria a rotina nos pegar, e mesmo na correria do dia-a-dia eu ainda seria a mulher mais feliz do mundo. Planejaria o nome dos filhos e contigo teria todos eles, fossem um, dois ou cinco. Deixaria que me visse com ou sem roupa. Permitiria que me visse envelhecer.


Contigo teria orgulho das marcas que o tempo faz, e celebraria todas elas como aniversário da minha felicidade ao teu lado. Tu não és o mais bonito, nem o mais alto, nem o mais charmoso. Mas tu és o único que desperta essa felicidade incontrolável em mim, o único que me faz querer dormir e acordar o resto da minha vida aturando um ronco e ainda rir se tu deixares uma cueca pelo meio da casa. Casaria na igreja. Mesmo que isso pedisse véu, grinalda, padrinhos vestidos de cores horríveis e de novo o pobrezinho do padre. Juraria amor e fidelidade, mas juraria muito mais que isso. Juraria companhia, cumplicidade, honestidade e a certeza de tentar fazer cada dia ser melhor pra nós dois. Só os teus olhos, que tem essa cor tão diferente, eu poderia aceitar durante toda uma vida como os olhos que vigiam meu sono. Beijaria apenas os teus beijos, abraçaria teus abraços, sonharia junto a ti os meus sonhos. Contigo eu dividiria não só o meu humor oscilante e minhas ideias malucas, mas compartilharia toda minha vida. Assim, sem razão e sem pudores.


Pra você eu digo sim. E você, o que diz pra mim?

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