quarta-feira, 17 de março de 2010

Changes

 Há um pouco mais de um ano, eu abraçava alguém que não sabia que mudaria a minha vida. Dava tom de brincadeira a todas coisas sérias que me dizia, não dava ouvidos às juras e muito menos às promessas. Eu voltava para a minha cidade tentando me convencer de que nada daquilo havia existido e nem voltaria a acontecer. Há pouco menos de um ano, eu começava a fazer algo "errado". E desse errado se fez o certo.
Pois era impossível considerar como errado algo que me fez sentir tão viva, talvez mais viva do que eu jamais sentirei. Nunca achei errado, nunca me arrependi e acho que nunca me arrependerei. Foi bom demais pra causar remorso, foi bom demais pra causar dor. Algo que me fez sentir como se flutuasse o tempo todo sobre as nuvens, algo que me deixou o coração tão maravilhado e sensível, tão apaixonado. Há um pouco mais de um ano, eu me apaixonei. E nem eu sabia que era aquilo tudo, na verdade até hoje acho que não sei. Alguém que me mostrou o outro lado, um chiclete diferente que eu sempre cito nos meus textos. Foi de verão, e dizem que amor de verão a gente não esquece. Subiu a serra, por mais que nem serra haja  por aqui. Não sei mais o que estou dizendo.

Hoje busquei a música que deletei há pouco menos de um ano, e que não queria ouvir nunca mais. Música ruim, como todas aquelas que embalam os amores de verão. E hoje ela tocou mais do que no som, ela tocou no meu coração. Saudade não daquela pessoa, mas saudade da vida que eu sentia por todos os meus poros, da alegria que eu exalava o tempo todo, da leveza com que eu encarava as coisas.  Sinto a falta daquela sensação que me despertou tanta fantasia, que dividiu comigo tantos planos que nunca irão se realizar, que me chamou para dançar quando as luzes já se acendiam. Sinto falta de um amor que não era o certo, que não me pertencia. Falta de viver, e não apenas de sobreviver. De sentir e de me permitir, mesmo quando o mundo inteiro condenava o que eu fazia. O mais estranho é saber que, mesmo dando na merda que deu, eu voltaria no tempo e faria exatamente a mesma coisa. Não importo que não tenha dado em casamento, que não tenha dado em nada mesmo, só me importa que fui feliz. Ser feliz, no fim das contas, é a única coisa que realmente importa.

O texto ficou uma droga, mas muitas vezes o coração dita e a gente só transcreve. Sem tempo pra rimas, pontuação correta e algumas palavras bonitas. Sem tempo pra entender, só pra voltar a sentir aquela velha sensação. De liberdade, de completude, mesmo que só por um instante.

Não sinto falta do outro, sinto falta de mim mesma. E onde me enfiei eu não sei, já que não me encontro mais.

"Se eu soubesse antes do que sei agora
Erraria tudo exatamente igual..."

Um comentário:

  1. Talvez essa pessoa, que tu diz que não sente falta, pode te fazer tudo isso de novo ;)

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