quinta-feira, 11 de março de 2010

Ajoelha

Não adianta ajoelhar e rezar. Não adianta pedir pra Deus, pro santo, acender vela, prometer peregrinar por cinco quilômetros, jogar rosas no mar, pular sete ondas, escrever metas sem nunca pensar em cumpri-las. Não adianta se matar de prometer, se matar de tanto rezar, encher o saco do anjo pra que ele dê a resposta da prova, pra que ele dê um empurrãozinho só dessa vez que na próxima a gente jura que vai ser diferente. Na próxima a gente continua igual, igualzinho. Rezando, apelando, arregando pra sorte, pro santo, pra qualquer nome que seja. Não adianta procrastinar, não adianta pensar que segurando o livro a gente absorve o que tem dentro dele. Não adianta que o esforço tem que ser nosso. Não tem santo, anjo, deus, vela, macumba, promessa, fitinha do senhor do bonfim que ajude nisso. Cada desafio é nosso, e somente nosso. É cada uma das nossas investidas, que dependem única e exclusivamente da nossa dedicação, do esforço de cada um. é ajoelhar na frente do caderno, é se curvar diante das tarefas, é abdicar de algumas coisas para conquistar as outras que se deseja. É colocar na balança e ver qual o lado nos pesa mais. É ser o conquistador, e não apenas aquele que fica sentado esperando as respostas e os caminhos se abrirem diante dos olhos. É ser alguém de quem se orgulhar. E quem sabe no fim das contas, na hora do vamos ver, na hora do diploma na mão, da aprovação sonhada, da vaga desejada, quem mereça a oferenda sejamos nós mesmos. Talvez um doce, uma rosa, uma vela, uma prece, uma festa, uma caminhada. Pra nós mesmos, os únicos responsáveis pelo desenho do caminho de nossas vidas.

Os únicos.

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