Encontrei um rabisco, nunca publicado, de três ou quatro anos atrás. Nele o título: sazonal. Nele as mesmas dores que ainda hoje abro para contar.
Faz sete anos que despiroquei pela última vez.
(...)
Ela me diz que o nome disso é ferida narcísica. Eu, que nada sei sobre psicologia, chamo de orgulho ferido. Chamo de cultuar o passado com aquela vaga esperança de que um dia ele vá se materializar na minha porta. Não vai, eu sei que não vai, mas não esqueço.
Comecei a escrever esse texto em abril. aquele mês que todo ano me faz revirar gavetas, buscar Sartre e encarar o vazio. Finalizo em junho, noite sozinha, chuva lá fora, É o Tchan tocando, sem que nada disso faça sentido algum.
Queria saber escrever poesia. O que será que rima com despirocar?
Todo abril desfolhar.
Todo ano lutando para abafar esse mesmo eco.
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